Seleção de Maio de 2021

por Redação CONCERTO 01/05/2021

AN ARMENIAN PALETTE
Hayk Melikyan
– piano
Lançamento Grand Piano. 
Importado. R$ 133,80
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[Reprodução capa]
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O trabalho do pianista Hayk Melikyan tem se desenvolvido em várias frentes. E uma delas é o olhar cuidadoso para a música contemporânea. Ele já atuou com compositores como Penderecki, Kurtág e Arvo Pärt, para ficarmos em apenas alguns nomes. Em todos os casos, apresentou interpretações preocupadas em compreender e recriar os novos mundos sonoros propostos pelos autores. E essa experiência fez dele um músico versátil e sensível, como mostra seu novo disco. O CD é dedicado à música de compositores armênios. Chebotarian Chitchian, Sarian, Dellalian ou Mansurian talvez não sejam nomes familiares ao ouvinte de música clássica. Mas os dilemas que enfrentaram como autores encontram ecos na criação musical de outros países, como o Brasil. Entre eles, como fazer dialogar a invenção com a rica tradição regional, criando uma música que se afaste do cânone europeu, ao mesmo tempo que mantém contato com ele. É o que vemos em obras como os seis Prelúdios de Chebotarian, o Álbum para uma neta, de Mirzoyan, ou as Três peças de Mansurian. São ora repletas de lirismo e melancolia, ora ousadas em suas propostas estéticas. O que nos dá a chance de vislumbrar uma faceta pouco conhecida da música do século XX.


KUHLAU: 7 FLUTE TRIOS
Flute East Trio
Lançamento Brilliant Classics. 
Importado. 2 CDs. R$ 142,50
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Mesmo períodos conhecidos e bastante explorados da história da música são capazes de guardar segredos fascinantes. Um deles é o compositor e pianista dinamarquês Friedrich Daniel Rudolf Kuhlau (1786-1832). Ele viveu na passagem do século XVIII para o século XIX, e sua atividade foi determinante em seu país. É considerado o fundador do romantismo nacionalista dinamarquês, além de ter atuado como pianista e maestro. E, como regente, foi o responsável por introduzir o público da região à música de Beethoven, de quem foi enorme admirador. Sua obra como autor é vasta, mas nela destaca-se a produção para flauta. E, nela, uma série de trios para o instrumento. Sete dele são registrados agora pelas flautistas do Flute East Trio, formado por jovens musicistas da Hochschule für Musik Hanns Eisler de Berlim. São peças de forte cor regional, enorme virtuosismo, capazes de evocar cores e sonoridades das mais diversas, em discursos musicais empolgantes, que nos fazem lembrar o apelido que Kuhlau recebeu ainda em vida: o Beethoven da flauta. Uma descoberta que vale a pena, por oferecer ao ouvinte a chance de conhecer um autor pouco interpretado, com certeza, mas também as respostas dadas pela cultura dinamarquesa ao universo artístico do romantismo. 


HISTORY OF THE RUSSIAN PIANO TRIO – 2
The Brahms Trio
Lançamento Naxos. Importado. 
R$ 82,70
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Formado nos anos 1980 por vencedores do concorrido e prestigiado Concurso Internacional Tchaikovsky de Moscou, o Brahms Trio embarcou em uma viagem artística guiada pela interpretação de trios escritos por compositores russos. Nesse caminho, tem revelado não apenas a obra de grandes autores, mas também personagens importantes da música russa. O segundo volume da coleção, por exemplo, evoca os irmãos Nikolay e Anton Rubinstein. Compositores, pianistas e maestros, ambos foram figuras ligadas à atividade pedagógica, responsáveis pela fundação do Conservatório de São Petersburgo, que logo se tornaria uma das principais instituições musicais da Europa. E foi para Nikolay que Tchaikovsky escreveu seu Trio op. 50, que abre o disco. É um monumento da música de câmara do século XIX e da maturidade do compositor, que finalizou a peça dois anos antes de morrer. Já Paul Pabst (1854-97), em seu Trio, explora o virtuosismo dos intérpretes, o que encontra eco em sua ligação com Franz Liszt, de quem foi aluno, e também com Anton Rubinstein – foi em memória deste que escreveu a composição. Duas obras marcantes da música de câmara russa, em leituras de excelência. 


LA LIRA D’ESPERIA
La vièle médiévale
Jordi Savall e Pedro Stevan
Lançamento Alia Vox. Importado. 
R$ 164,00
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No trabalho de Jordi Savall, a música nunca deve ser olhada fora do contexto em que nasce. E isso vale tanto para a busca de técnicas de interpretação próximas das originais como para a compreensão do sentido mais amplo, filosófico, do fazer musical. Essas duas facetas ficam claras neste disco, no qual ele se volta ao universo da Idade Média, onde encontra os poetas músicos que se apresentavam pelas ruas e acreditavam, como afirma Savall, “que, por meio da música, a alma pode ser dirigida à audácia e ao valor, à magnanimidade e à generosidade, todas essas qualidades que tornam mais digna a vida das pessoas”. O retrato histórico por si só já é muito interessante em sua proposta. Mas Savall, acompanhado do percussionista Pedro Estevan, acrescenta uma sonoridade fascinante ao colocar em prática anos de pesquisa sobre a interpretação de instrumentos de arco e o modo como ela se transformou ao longo dos séculos. Um álbum para se ouvir com disposição de encarar uma viagem pelo tempo, guiada por ricos textos explicativos que, no encarte, ajudam a contextualizar a magnífica realização musical proposta pelos intérpretes.


CONTRALTO
Nathalie Stutzmann
– contralto e regência
Orfeo 55
Lançamento Erato. Importado. R$ 189,70
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O canto durante o período barroco entrou para o imaginário ocidental pela atuação dos castrati, que monopolizaram os palcos da época e chegaram a nosso tempo por meio da fama e mistério de personagens como Farinelli. Em seu novo disco, no entanto, Nathalie Stutzmann busca jogar luz na presença da voz de contralto nesse repertório. Ela relembra figuras como Vittoria Tesi e Anna Marchesini, que, se não ganharam a fama de cantores como Farinelli, tiveram várias obras escritas para suas vozes, por autores como Händel, Vivaldi, Porpora, Caldara ou Gasparini. E são obras suas que compõem o repertório do disco. De Händel, por exemplo, ela apresenta trechos de Rinaldo e Arminio; de Porpora, uma preciosidade, a ópera Semiramide riconosciuta; de Vivaldi, cenas de L’incoronazione di Dario. São apenas alguns exemplos de um repertório que combina árias célebres com outras menos conhecidas – e igualmente interessantes. Todo o trabalho que Stutzmann realizou ao longo da carreira com o repertório barroco e de canções – em especial de compositores franceses e de Schubert – já faziam dela uma das grandes artistas de nosso tempo. Mas, nos últimos anos, ela começou também a reger (foi inclusive artista associada da Osesp). E criou o Orfeo 55, grupo que comanda nessa gravação e com o qual mostra envolvimento artístico ímpar, como solista e regente. Mais uma prova de que ela é hoje uma das grandes artistas do cenário internacional. 


LIVRO
CHIQUINHA GONZAGA PARA TODOS
Álbum de partituras
Maria Teresa Madeira e Wandrei Braga – edição
Lançamento independente. Álbum com quatro volumes. R$ 300. 
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No resgate da história da música brasileira, uma parada fundamental é a trajetória da pianista, maestrina e compositora Chiquinha Gonzaga. Na virada do século XIX para o século XX, ela não apenas foi exemplo da luta pela emancipação feminina, como o fez por meio de uma obra que sintetiza as questões estéticas de um período em que a própria ideia de música brasileira ganhava forma. Sua obra chega hoje a nós pelo trabalho de pesquisadores e intérpretes como Maria Teresa Madeira e Wandrei Braga, que dão mais um passo na valorização da artista com o lançamento de uma coleção com quatro álbuns de partituras de suas principais obras. O objetivo, como conta Maria Teresa Madeira na seção Fermata é mostrar a diversidade da obra da compositora e encorajar as pessoas a irem além de suas obras mais conhecidas. O primeiro livro do álbum traz arranjos simplificados, para iniciantes, de quinze peças para piano; o segundo e o terceiro, para o nível intermediário, trazem cinquenta composições originais cada um; e o quarto, para nível avançados, vinte e oito obras originais e dois arranjos. Por meio de um código QR, é possível ouvir também as gravações das peças do primeiro e do quarto livros.