ENCERRADO: Carmen [TMSP]

por Redação CONCERTO 04/05/2024
Cena da ópera ‘Carmen’, de Bizet, produção do Theatro Municipal de São Paulo (divulgação, Larissa Paz)
Cena da ópera ‘Carmen’, de Bizet, produção do Theatro Municipal de São Paulo (divulgação, Larissa Paz)

 

Ópera ‘Carmen’, de Bizet 

Theatro Municipal de São Paulo, de 3 a 11 de maio de 2024

Orquestra Sinfônica Municipal, Coro Lírico Municipal e Coro Infanto Juvenil da Escola Municipal de Música de São Paulo

Roberto Minczuk – direção musical e regente.
Jorge Takla – direção cênica.
Ronaldo Zero – direção associada.

Annalisa Stroppa (dias 3, 5, 8 e 11) e Lilia Istratii (dias 4, 7 e 10) – Carmen; Max Jota (dias 3, 5, 8 e 11) e Giovanni Tristacci (dias 4, 7 e 10) – Don José; Camila Provenzale (dias 3, 5, 8 e 11) e Marly Montoni (dias 4, 7 e 10) – Micaela; Fabián Veloz (dias 3, 5, 8 e 11) e Bongani Justice Kubh (dias 4, 7 e 10) – Escamillo; Raquel Paulin – Frasquita, Andreia Souza – Mercedes, Jean William – Remendado, Johnny França – Dancaire, Guilherme Rosa – Morales, Sérgio Righini – Zuniga e Marcio Louzada – Lillas Pastia.

Katia Barros – coreografia. Alessandra HelenaAndressa CorsoAngela FonsecaAntonio BenegaCarla Zarzur e Daniel Suleiman, entre outros – atores bailarinos.

Nicolás Boni – cenografia. Mirella Brandi – design de luz. Pablo Ramírez – figurino. Érica Hindrikson e Regina Kinjo – regentes dos coros.

Ouvinte Crítico Carmen
Participantes: 183
Média final: 8,37
(veja detalhes da votação abaixo)

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Gostei bastante da ópera Carmen estreada ontem (3.5.2024) no Teatro Municipal.
A Carmen de Annalisa Stroppa foi excelente, tanto do ponto de vista vocal como cênico. Sobretudo no primeiro ato, a sua atuação como atriz foi magnífica.
Não gostei tanto do tenor Max Jota como Don José, mas ele cresceu durante a ópera e a sua atuação no dueto final foi muito boa.
Quanto à direção e cenografia, achei muito boas nos três primeiros atos. Achei, entretanto, a do quarto ato péssima! O desfile de várias figuras remetendo a touros, bandarilheiros e outros elementos de tourada, além de na minha opinião serem de gosto duvidoso, pareceu-me muito confuso.
Considero o dueto final da Carmen e Don José o ponto alto da ópera, mas, que, nesta encenação, foi totalmente anulado pela presença das figuras mencionadas. É o clímax da ópera, em que o tenor e a meio soprano devem estar sozinhos, foco de toda a atenção e livres para atuar neste momento de enorme dramaticidade. Isso foi destruído na encenação de ontem. Mesmo que apenas a Carmen e o Don José estivessem sozinhos no palco, o espaço deixado para o dueto final foi muito acanhado. Com as figuras, um desastre!
Sempre digo que o melhor da Carmen é o final. Infelizmente, não é o que ocorreu ontem. Não por culpa dos cantores, que atuaram muito bem, mas pela dificuldade em se conseguir concentrar neles. Imagino que para eles próprios tenha sido difícil atuar nesta encenação.
Gostei muito dos dois números de flamenco introduzidos na ópera.

A récita de Carmen, do dia 04/05, foi boníssima, panoramicamente.
A orquestra, não sei se pelo local que eu estava (balcão simples), aparentava ter a seção de violinos um tanto tímida em densidade. Pouco se ouvia das violas e, certamente o que mais se destacou foram os violoncelos.
Quanto a interpretação geral do naipe, em minha opinião, apesar de pouco aparecerem os violinos, o todo estava propiciamente agressivo, quando necessário, evocando a “espanholidade” que a peça traz e adequadamente lírico ao acompanharem as vozes.
Os sopros metálicos apareceram de potentemente assim como as madeiras, que por sua vez se distinguiram nitidamente.
A performance geral da orquestra foi bela e os momentos tutti foram adequados e potentes. Minczuc e a orquestra trabalharam muito bem.
A performance dos coros foi de extrema beleza e profundidade. O momento que mais cativou neste critério, foi o final do segundo ato, “la guerre, c’est la guerre!”. Emocionante como as vozes todas acordaram com o sentimento triunfal evocado pela letra e melodia. Meus olhos marejaram nesse momento. Érika Hindrikson realizou excelente trabalho. Da mesma forma, Regina Kinjo.
O que dizer de Lília Istratii? Estupendamente se tornou Carmen. Seu timbre, nítido, realmente fez me viajar como em uma fantasia à Sevilha, no ato um “Près des Remparts de Séville”. Esta, performance musical que mais se destacou, para mim. Muito lírica, a Carmen mostrada. Senti falta do “sangue quente”, mas sua interpretação compensa tal fato. Pessoalmente não há necessidade de sensualidade, o que difere de uma personalidade sedutora.
Giovanni Tristacci como Don José faz jus ao papel. No todo, sua interpretação trouxe um José realmente embriagado pelo perfume que a flor Carmen é. Se destaca “Prends Garde à toi, Carmen”, onde voz, texto e interpretação trazem a obstinação do personagem. Também, a Cena final, tanto para Istrati quanto para Tristacci foram excelentemente bem performadas.
Marly Montoni trouxe o a “beaticidade” de Micaela no terceiro ato. De fato, muito bem interpretada, a personagem.
Bongani Kubheka me impressionou. Sem dúvidas sua destreza e potência me cativaram de forma que fiquei paralisado tanto a Ária de Escamilo quanto nas cenas que se seguiram.
Passando rapidamente por Paulin, Souza, William e França certamente fascinaram no momento em que cantam o quinteto do segundo ato juntamente com Istrati. Muito fluido de se ouvir e um tanto cômico por sua letra.
Quanto ao figurino, tudo decente até o quarto ato que decepcionou por algumas questões ideológicas.
A ambientação no entanto estava muito bem feita.
Panoramicamente, tudo foi muito incrível. Dançarinos, orquestra, coro, solistas. O sentimento regozijante prevaleceu e o todo, como disse, impressionou e emocionou.

Achei deslumbrante essa “Carmen”, que lindos figurinos. Até compreendo que no ato final o drama do assassinato ficou meio em segundo plano, mas isso ficou largamente compensado pela beleza de toda a encenação. E foi muito bem o elenco (Annalisa Stroppa fez Carmen com grande sensualidade), os coros e a orquestra. Adorei! Recomendo a todos. Parabéns ao Theatro Municipal de São Paulo.

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