Filarmônica de Minas Gerais encena ópera ‘Cartas portuguesas’

A ópera Cartas portuguesas, de João Guilherme Ripper, sobe nesta quinta-feira, dia 10, ao palco da Sala Minas Gerais, em apresentação que será transmitida ao vivo pela internet. 

A obra foi encomendada em um projeto comum da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e da Fundação Gulbenkian, de Portugal, e estreou em agosto do ano passado na Sala São Paulo. Em seguida, foi interpretada também em Lisboa. 

E, agora, volta a ser apresentada, desta vez pela Filarmônica de Minas Gerais, com os mesmos artistas que fizeram a primeira audição mundial: o maestro Roberto Tibiriçá, a soprano Camila Titinger e o diretor Jorge Takla.

A obra é baseada em textos da irmã Mariana Alcoforado, publicados pela primeira vez em 1669. Suas cartas refletem a respeito do amor e do sofrimento por ele causado: Mariana conheceu um oficial francês de passagem por Beja, em Portugal,  mas ele logo voltou para casa, deixando-a sozinha.

Em entrevista na época da estreia, Ripper definiu Cartas portuguesas como “uma ópera sobre a clausura” e explicou a decisão de incluir na história passagens da Bíblia e textos do poeta barroco português Rodrigues Lobo. “As cartas falam de amor, melancolia, ódio, esperança. São temas recorrentes, que perpassam sua escrita. E eu senti a necessidade de incluir outros elementos para criar um sentido de evolução dramática para a narrativa”, explicou. 

“Ripper criou uma obra consistente, em que se desenvolvem de forma cada vez mais intensa os variados estados emocionais de Maria Alcoforado. Com inventividade e utilizando-se de uma linguagem de tonalismo expandido – que também explora ricos efeitos sonoros –, o compositor construiu o discurso musical em hábil conjunção com a narrativa. É um tom de melancolia devastadora que perpassa a história em que Maria se sente só e abandonada”, escreveu Nelson Rubens Kunze no Site CONCERTO em novembro do ano passado, após a estreia em Portugal.

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