Morre em São Paulo o diretor teatral e cenógrafo Walter Neiva

Morreu na madrugada desta quarta-feira, dia 26, o diretor teatral especializado em ópera Walter Neiva. Ele estava internado desde segunda-feira em um hospital de São Paulo por conta de problemas respiratórios e sofreu um infarto fulminante.

Neiva assinou trabalhos nos principais teatros brasileiros, como o Theatro Municipal de São Paulo, o Teatro Amazonas, em Manaus, o Theatro da Paz, em Belém, e o Theatro São Pedro de São Paulo. Também atuou fora do Brasil, assinando a direção e a cenografia de espetáculos em países como a Polônia, a Holanda e a Colômbia.

Nascido em São Paulo, Neiva estagiou no Theatro Municipal de 1976 a 1986. A estreia como diretor se daria em 1989, com uma produção de Così fan tutte, de Mozart, que foi encenada em São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro. Em seguida, entre 1990 e 1992, viveu na Alemanha, completando seus estudos com bolsa do Instituto Goethe e do International Theatre Institute.

De volta ao Brasil, criou, ainda nos anos 1990, produções de óperas como A flauta mágica e As bodas de Fígaro, de Mozart; Il campanello, de Donizetti; O barbeiro de Sevilha, de Rossini; Pedro Malazarte, de Guarnieri; e Porgy and Bess, de Gershwin.

A partir dos anos 2000, o diretor ampliou o repertório com o qual trabalhava, criando versões para óperas do século XIX, como O Guarani, de Carlos Gomes, que encenou em São Paulo e no Palácio das Artes de Belo Horizonte; A força do destino e Otelo, de Verdi, no Theatro Municipal de São Paulo e na Ópera de Medelín, na Colômbia, respectivamente; Carmen, de Bizet, no Teatro Guaíra, em Curitiba, e na Ópera de Lima; e Turandot, de Puccini, também no Paraná.

Suas montagens caracterizavam-se pelo trabalho com os cantores, pelo dinamismo que dava à movimentação cênica, em especial nas comédias, e pela capacidade de criar ambientes a partir de poucos elementos, inovando na utilização de materiais.

"A encenação de Walter Neiva extravasou criatividade. Substituir o gato mecânico original por um artista performático trouxe mais brejeirice à leitura viva do libreto de Mário de Andrade. Criar, através de uma simples tela, uma sucessão quase onírica de cenas do nosso folclore num segundo plano destacado, utilizando membros do balé, conferiu um agradável lirismo visual à narrativa" escreveu Sergio Casoy sobre Pedro Malazarte, em 2005.

Um de seus últimos trabalhos, antes do início da pandemia, foi a ópera A estrela, de Chabrier, com os alunos da Academia de Ópera do Theatro São Pedro, em São Paulo. Desde 2013, a atuação no palco convivia com a apresentação do programa Seguindo a Ópera na Rádio Cultura FM, onde mostrava novidades do cenário internacional. 

A família do diretor ainda não divulgou informações sobre velório. Mas, por conta da pandemia, informa que “entendemos que orações e vibrações positivas serão recebidas por ele do lugar em que está, ao lado da sua mãe Josephina e seu pai Walter, independentemente de cerimônias”.

[Atualização em 26/05 às 14h50: O velório do Walter Neiva será realizado amanhã, 27/05, a partir das 8h00, com sepultamento às 11h00, no Cemitério Parque Jaraguá. Endereço: Rod. Anhanguera, km 23,3 - Vila Sulina - 05276-000]

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