Theatro Municipal do Rio de Janeiro anuncia temporada 2024

por Luciana Medeiros 03/04/2024

A 115ª temporada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi anunciada nessa quarta-feira pelo diretor artístico Eric Herrero. Há apenas uma obra contemporânea, a ópera Candinho, de João Guilherme Ripper), e os balés são os tradicionais. “Mas temos boas novidades”, garante Herrero, em conversa por vídeo com a CONCERTO. “Há títulos que nunca foram feitos no Municipal do Rio, como Le villi, de Puccini, e Rusalka, de Dvórak”.

O concerto de abertura de 2024 aconteceu no dia 8 de março, com obras de Bach, Beethoven e Bruckner. E a primeira ópera do ano será apresentada já em abril. “Passamos um bom tempo estreando a primeira ópera em julho, no aniversário do teatro”, lembra Herrero. “Esse ano, vamos estrear O elixir do amor, de Donizetti, agora dia 19 de abril”. A primeira ópera do ano terá cinco récitas, com dois elencos brasileiros, regência do titular Felipe Prazeres e direção cênica de Menelick de Carvalho, que ano passado dirigiu I Pagliacci no Festival Oficina de Ópera – o projeto, aliás, segue em seu propósito de formação de técnicos para o mundo lírico.

As outras montagens previstas são Il Trittico, de Puccini, em julho, com direção de Pablo Maritano e regência de Carlos Vieu, estreando no aniversário do Municipal, 14 de julho; os três títulos do Festival Oficina de Ópera, Candinho (sobre Cândido Portinari), La Serva Padrona, de Pergolesi, e Le Villi, de Puccini.  

A última do ano é Rusalka, de Dvórak, baseado na fábula A pequena sereia, com direção de André Heller-Lopes e regência de Luiz Fernando Malheiro. “Eu cantarei em Rusalka”, revela Eric Herrero, que estava no elenco da montagem na Argentina, quase dez anos atrás. “Mas que fique claro: não recebo cachê”, pontua. Um concerto celebrando o Dia Mundial da Ópera, 25 de outubro, traz trechos de óperas famosas.

Para o balé, estão previstos o repeteco de O Lago dos Cisnes, em maio, com Tobias Volkmann à frente da orquestra da casa; La Fille Mal Gardée, em agosto; um triple bill em outubro (repetindo Love Fear Loss, em torno de Edith Piaf, e Bolero de Ravel e trazendo Sheherazade, de Fokine sobre música de Rimsky-Korsakov); e O Quebra-Nozes, em dezembro, com coreografia de Jorge Teixeira. A Companhia de Balé da Escola de Dança Maria Olenewa também fará apresentações: D. Quixote e A Flauta Mágica, em junho e setembro.

Em junho, Ricardo Rocha rege a OSTM num programa com música brasileira, trazendo obras de Francisco Braga, Nepomuceno e Villa-Lobos.

Nos elencos nacionais, nomes consagrados estarão no palco com novos cantores, muitos descobertos por Eric Herrero em audições. “Por exemplo, ouvi numa gravação que me enviaram o barítono Santiago Villaba, que atuou em musicais. Carolina Morel, que cantava no coro infantil de Zezé Chevitarese, fará seu primeiro papel principal em Elixir do Amor, assim como Guilherme Moreira, que fez Arlecchino em I Pagliacci de 2023.” Entre as vozes brasileiras mais conhecidas que sobem ao palco do Municipal carioca esse ano estão Vinicius Atique Savio Sperandio, Eiko Senda, Ludmila Bauerfeldt, Denise de Freitas, Licio Bruno, Inácio de Nonno, Paulo Mandarino, Marly Montini e Enrique Bravo.

O patrocínio, em vias de ser assinado, é da Petrobras, que esse ano destina R$ 20 milhões para a programação e também para parte da manutenção patrimonial. Essa é uma novidade. Até ano passado, toda a manutenção era bancada pelo Estado, que também arca com os salários de artistas e técnicos. Esse ano, a patrocinadora master vai investir também nas reformas e na manutenção do prédio histórico. Isso inclui, segundo informa o jornal O Globo, recuperação de marquises, do ar-condicionado e de cadeiras. Também segundo o jornal, a Central Técnica de Inhaúma – um enorme galpão onde cenários e figurinos eram produzidos e armazenados e que foi negligenciado a ponto de insalubridade – “já se encontra mais transitável e organizada do que em 2021”, segundo a presidente da casa, Clara Paulino. 

Outra questão que foi crucial nos últimos anos, o desmantelamento dos corpos artísticos, foi bastante suavizada com os contratos temporários para o coro (24 integrantes), o balé (18 bailarinos) e a orquestra (25 contratações). São contratos de dois anos “Nós continuamos correndo atrás de concurso para recompor de maneira definitiva os corpos artísticos”, assegura Eric Herrero.

Fachada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro [Divulgação]
Fachada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro [Divulgação]

 

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