Marcelo de Jesus: viva o Amazonas!

por Redação CONCERTO 03/01/2024

Retrospectiva 2023: Marcelo de Jesus, maestro titular da Orquestra de Câmara do Amazonas, maestro adjunto da Amazonas Filarmônica e consultor artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas 

A temporada de concertos da Amazonas Filarmônica foi rica e teve obras importantes do repertório sinfônico. Iniciamos nossa temporada com o consagrado projeto Amazonas Filarmônica nas Escolas, sob regência de nosso maestro assistente, Otávio Simões. O nosso diretor artístico e regente titular, maestro Luiz Fernando Malheiro, atuou em vários concertos e, no dia 8 de setembro, celebramos os seus quarenta anos de carreira com um concerto especial no Teatro Amazonas. Tivemos também nosso spalla Ariel Sanches à frente da Filarmônica, conduzindo e tocando o Concerto para violino nº 5 de Mozart. O maestro Miguel Campos Neto, que tem uma longa história com a Amazonas Filarmônica, foi o convidado para reger o Encontro de Tenores do Brasil.

Como maestro adjunto da Amazonas Filarmônica, regi vários concertos dentro da temporada, com destaques para a raramente ouvida Sinfonia Il Giorno Onomastico de Antonio Salieri. 2023 também foi um ano bem intenso para a Orquestra de Câmara do Amazonas – OCA, com vários concertos e comemorações. A programação foi muito diversa, indo de Heinrich von Biber, com sua Batalha a 10, até crossovers como o rOCkA com a banda amazonense Madallena, e o tributo às divas do rádio. Através da parceria do governo do Estado do Amazonas com o Festival Música na Estrada, importante projeto que a OCA participa há dez anos, nos apresentamos no Teatro Municipal de Boa Vista (Roraima).

Dentre as comemorações, destaco o centenário de Maria Callas, quando através da Inteligência Artificial isolou-se a voz de Callas em sua emblemática gravação da ária “Vissi d'arte” de Tosca, acompanhada ao vivo pela OCA.

Algumas obras merecem ser destacadas, como a dificílima Serenata Sinfônica de Korngold, a Música silenciosa de Valentin Silvestrov, a Música dolorosa de Pēteris Vasks, e Ramificações de György Ligeti.

A programação da OCA contou com vários artistas pratas da casa: Jesús Elbitar, Michel Sales, Roger Brito, Javier Cantillo, Onel Rodriguez e Nikolay Mutafchiev, mas destaco a participação de dois jovens pianistas. O primeiro é Victor Lins, que estreou com a OCA aos 12 anos e neste ano, aos 18 anos, tocou o Concerto grosso de Ernest Bloch. O Amazonas é um celeiro de jovens artistas, e este ano tivemos o prazer de conhecer o João Gabriel, um menino de 7 anos, estudante do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, filho de dois músicos importantes da cidade, a cantora Sofia Amoedo e o percussionista da Amazonas Filarmônica, Yuri Lima. João Gabriel domina a técnica da música popular já como um profissional e tocou, acompanhado da OCA, um medley de Bossa Nova, com um excelente arranjo de Gabriel Lima.

A OCA sempre abriu e sempre abrirá as portas para os jovens talentos. 

Encerramos o ano com o nosso tradicional concerto natalino na Igreja da Matriz Nossa Senhora da Conceição, com a participação do Grupo Vocal dos Corpos Artísticos e o do Madrigal do Amazonas.

E por fim coroamos a programação com o "Concerto Crianças Unidas do Brasil – Natal 2023", com mais de sessenta crianças no palco do Teatro Amazonas, em parceria com o Centro Suzuki Amazonas.

O 25º Festival Amazonas de Ópera foi um dos mais importantes de todos os tempos. Tivemos quatro títulos programados pelo maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor artístico do FAO: O contractador dos diamantes de Mignone; Anna Bolena de Donizetti; Piedade de João Guilherme Ripper; e Peter Grimes de Benjamin Britten. Houve também recitais e uma intensa programação infantil, com o Pequeno Teatro do Mundo interpretando O navio fantasma de Wagner e o espetáculo Curumim, o último herói da Amazônia em busca da flor da vida, de Mário Adolfo e Zeca Torres. Mas o ponto alto do 25º FAO foi ter sido sede da conferência anual da Ópera Latino Americana (OLA), pela primeira vez no Brasil, capitaneada por Flavia Furtado, diretora executiva do festival.

A série Encontro das Águas, que já faz parte do calendário anual do Teatro Amazonas há nove anos, tem direção artística e curadoria conjunta minha e de Átila de Paula. Neste ano tivemos a terceira edição do Muzikstation, com temas de jogos interpretados pela Amazonas Filarmônica e grupo vocal dos Corpos Artísticos, sob regência do maestro Otávio Simões. A Amazonas Filarmônica também executou na íntegra o balé Dom Quixote de Ludwig Minkus, com o Ballet Álvaro Gonçalves e regência minha. Por sua vez, Orquestra de Câmara do Amazonas participou desta série em dois espetáculos, o “Divaland”, tributo às divas do Pop, e “Disquinhos”, espetáculo com regências divididas entre mim e Hilo Carriel, em parceria da OCA com a Cia. Metamorfose de Teatro, que resgatou as fábulas infantis musicadas pelo grande compositor e arranjador Radamés Gnattali. Todas essas programações só podem ser realizadas porque temos apoio incondicional do governo do Estado do Amazonas, através do secretário Marcos Apolo Muniz – Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Viva a Cultura! Viva o Amazonas! 

[Clique aqui para ler outros depoimentos publicados na Retrospectiva 2023 da Revista CONCERTO.]

Marcelo de Jesus

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Comentários

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Acompanho e assisto algumas apresentações, e, realmente, o ano de 2023 foi revelador de talentos e trabalhos. Entretanto, faz-se necessário reconhecer a dedicação do maestro Marcelo de Jesus e sua dedicação a esse ofício. Parabéns e um grande 2024 a todos os artistas do/no Amazonas.

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