Felipe Prazeres assume regência titular do Municipal do Rio 

por Luciana Medeiros 30/07/2022

Músico versátil, Prazeres afirma que aceitou posto porque reconhece uma direção comprometida com a realidade e não com devaneios

Depois de oito meses vago, o posto de regente titular do Theatro Municipal do Rio de Janeiro tem ocupante: o carioca Felipe Prazeres, que assume o pódio depois de ter regido pela primeira vez a orquestra da casa na abertura da temporada 2022. “O flerte já existia há alguns anos, de maneira informal”, diz Felipe, filho do regente Armando Prazeres e irmão de Carlos Prazeres, atualmente à frente das Sinfônicas da Bahia e de Campinas. Aos 45 anos, ele estreia como titular dia 12 de agosto, com um programa de música francesa. “Estamos em parte seguindo a programação já traçada por Ira. Nesse concerto, tocaremos Saint-Säens, Massenet e faremos a estreia no Rio da abertura da ópera Le Roi d’Ys, de Lalo”.

“Estou MUITO feliz com a chegada do Maestro Felipe Prazeres!”, escreve Eric Herrero, diretor artístico do Theatro carioca, usando as maiúsculas. “É um músico de excelência, com o qual tenho ótima relação. Tenho certeza de que fará um grande trabalho à frente da OSTM”.

Felipe integrou a orquestra da casa como contratado em 2000/2001 – um jovem músico, “lá no fundão”, ele lembra. “O Theatro e seus artistas são parte fundamental da vida dos cariocas e fluminenses e da minha vida”, assinala. “As pessoas me veem como parte do grupo, e a indicação veio mesmo dos músicos da casa, o que me deixa feliz. A regência foi um passo a mais na minha carreira, depois de ser spalla e solista, mas eu continuo tocando até hoje, inclusive no tutti, e tudo bem. É tudo música”. 

Esse passo foi dado 15 anos atrás, quando regeu pela primeira vez, no Convento de Santo Antônio, belo espaço no centro do Rio: “ali eu me casei com a música”, ri ele. “Regi um grupo de câmara das Opes tocando obras barrocas, como o Concerto de Brandemburgo n° 4, de Bach”. Daí para a frente, os compromissos no pódio se sucederam. Na Petrobras Sinfônica, assumiu numerosas vezes a batuta. “E vou continuar a reger, inclusive os programas de música pop e infantil”, garante. “Tenho uma turnê em agosto com a Opes, inclusive”.

Integrante também da Johann Sebastian Rio, orquestra de câmara da qual é um dos fundadores e que se consolidou em termos de qualidade e de proximidade com o público – a proposta tem um mix de clássico e pop, além de forte presença digital –, Felipe garante que o grupo segue vivo e forte. “A Johann é formada por músicos muito requisitados, mas estamos firmes, sempre.” 

Felipe assume uma orquestra que tem foco em ópera e balé. Embora conheça bem os gêneros como músico (“vivi tudo isso intensamente”), vai ser uma estreia, ou quase, no papel de regente. “Regi A flauta mágica, com a Sinfônica da UFRJ. A ópera de Mozart foi tema de meu mestrado. Nunca regi balé”. A primeira incursão no gênero deve ser a montagem do fim do ano, cujo título ainda não foi confirmado. Antes disso, vai reger O Barbeiro de Sevilha em novembro, com direção cênica de Julianna Santos.

O aperto financeiro pelo qual o TMRJ vem passando “já é recorrente”, reconhece Felipe. “Mas vejo a retomada do teatro, a alegria dos cariocas em frequentá-lo. O Municipal é um trunfo na cidade. E só aceitei esse posto porque vejo uma direção comprometida com a realidade e não com devaneios.”

Nesse domingo, dia 31 de julho, Felipe estará em cena no Municipal como concertino da Petrobras Sinfônica, tocando a 9ª Sinfonia de Beethoven. “Muito simbólico tudo isso: sob a regência do meu mentor, Isaac Karabtchevsky, e tocando uma peça que representa uma grande mudança, e uma esperança”, afirma.

A estreia como regente titular, dia 12 de agosto, é especial por vários motivos. “Minha filha Nina faz cinco anos nesse dia”, revela Felipe. “E estarei também pensando no meu grande amigo Gustavo Menezes, um artista impressionante, que nos deixou tão precocemente, no dia 15 de agosto do ano passado.” Pura emoção, portanto.

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Maestro Felipe Prazeres (divulgação, Renato Mangolin)
Maestro Felipe Prazeres (divulgação, Renato Mangolin)

 

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