Morreu Maurizio Pollini, um dos maiores pianistas de nosso tempo

por Redação CONCERTO 24/03/2024

O pianista italiano Maurizio Pollini, um dos maiores artistas de nosso tempo, morreu neste sábado (23/03) em Milão, aos 82 anos. Pollini estava doente e foi velado no Teatro alla Scala.

Nascido também em Milão, em 5 de janeiro de 1942, Pollini estudou no Conservatório de sua cidade natal e venceu em 1960, aos 18 anos, o Concurso Internacional Chopin de Varsóvia. Apesar das oportunidades de carreira que a premiação lhe renderia, Pollini preferiu retrair-se alguns anos, dedicando-se a estudos e ao piano sob orientação de Arturo Benedetti Michelangeli. Naquela época, o artista militou em movimentos de esquerda e foi, durante alguns anos, membro do Partido Comunista Italiano. Até o fim da vida permaneceu comprometido com causas sociais.

Maurizio Pollini apreendeu uma técnica virtuosística espantosa. Suas interpretações são sóbrias, elegantes e de grande consciência estilística, indo ao âmago do texto musical. 

Ao lado de Chopin e do grande repertório romântico austro-alemão – Beethoven, Brahms, Schubert, Schumann –, Pollini foi um comprometido intérprete da música moderna e contemporânea, tendo tocado obras de Arnold Schönberg, Anton Webern, Luigi Nono, Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, Gianluca Cascioli, George Benjamin e Salvatore Sciarrino.

Diversas de suas gravações – quase todas para o selo Deutsche Grammophon – foram premiadas, como as últimas cinco sonatas para piano de Beethoven (vencedor do Gramophone Award 1977), os concertos para piano nºs 1 e 2 de Bartók com Claudio Abbado e a Orquestra Sinfônica de Chicago (Grammy Award 1980 e Gramophone Award), o Quinteto para piano de Brahms com o Quartetto Italiano (Gramophone Award 1980). Em 2007, ganhou outro Grammy, desta vez pelo álbum solo com os Noturnos de Chopin. 

Em seu site, o selo Deutsche Grammophon lamentou a morte do pianista. Clemens Trautmann, presidente da DG, comentou: “Um dos grandes e inovadores músicos do nosso tempo nos deixou. Suas realizações no campo da música moderna e contemporânea, bem como da era clássica e romântica, são imponentes. Aqueles que tiveram a sorte de trabalhar com Maurizio Pollini são testemunhas de seu trabalho intransigente e rigoroso nas sessões de estúdio – que levaram a inúmeros álbuns icônicos –, bem como de sua inspiração e sensibilidade, de sua alma calorosa e vulnerável, que era palpável nas conversas pessoais. É muito comovente que, em anos recentes, Maurizio Pollini tenha voltado às últimas cinco sonatas de Beethoven, que uma vez lançaram as bases para uma incrível gravação. Nós nos sentimos comprometidos em levar o legado de Maurizio Pollini para o futuro, pois sentimos muito a falta de sua voz musical e verdadeira humanidade”.

Vai-se um dos maiores artistas de nosso tempo, um músico de uma musicalidade impressionante, de toque impecável, transparente, orgânico. Um artista que extraía a essência artística musical de todos as obras que interpretou.

Maurizio Pollini (1942-2024) (divulgação DG, Peter Meisel)
Maurizio Pollini (1942-2024) (divulgação DG, Peter Meisel)

 

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Eu aprecio demais os eruditos.
Eu comecei ouvindo aos 21 anos Chopin, amei.
Comecei a comprar na época LP, e comecei a ouvir e o meu gosto foi se apurando, StraussJr, Beethoven suas sinfonias e concertos, depois Tchaikovsky, Korsakoff, Richard Strauss e assim chegando a Bruckner, onde minha sogra foi professora de piano e seus alunos comentando porque eu apreciava tantos compositores e não estudava um instrumento.
Eu argumentei, que pra vocês tocarem alguém precisa ouvir.

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