Festival Amazonas de Ópera cria fundo financeiro para doações

Entidade sem fins lucrativos tem como objetivo fortalecer a realização do evento; maestro Luiz Fernando Malheiro anuncia títulos da edição de 2023

Em um encontro que reuniu artistas, gestores e jornalistas, a empresa Levisky Legados, responsável pela captação de recursos do Festival Amazonas de Ópera (FAO), anunciou a criação do Fundo Festival Amazonas de Ópera. Trata-se de um instituto sem fins lucrativos que vai captar doações filantrópicas de pessoas físicas e jurídicas para o desenvolvimento dos projetos do FAO, um dos principais polos de produção lírica do Brasil. O Festival Amazonas de Ópera, que realizará a sua 25ª edição no ano que vem (leia mais abaixo) e que acontece no icônico Teatro Amazonas, em Manaus, tem direção artística do maestro Luiz Fernando Malheiro e é mantido pelo governo do estado do Amazonas. “Apesar de todo o desenvolvimento do FAO, que até o momento conquistou tamanha relevância, a chegada do Fundo Festival Amazonas de Ópera permite sonhar ainda mais alto, pensar em obras que ainda não montamos, convidar artistas internacionais e, principalmente, fortalecer a sua longevidade”, comentou o maestro Malheiro.

Conforme os organizadores, o fundo tem como objetivo atrair grandes patronos da arte e da cultura, além de investidores e filantropos globais preocupados com a sustentabilidade do planeta. Um dos cuidados na criação do novo Fundo, e que estará inscrito em seus estatutos, é o de não substituir o Estado como mantenedor e promotor do Festival Amazonas de Ópera. “Os recursos captados pelo fundo apenas serão repassados para o FAO se o governo mantiver o patrocínio. A ideia não é substituir o financiamento público pelo do fundo, mas sim, fazer o festival ter mais recursos para produções especiais, pagamentos de cachês internacionais, comunicação e outras despesas”, afirmou Ricardo Levisky, fundador e diretor da Levisky Legados. 

Outro ponto importante abordado é o da gestão profissional do fundo, que garantirá segurança aos filantropos de que suas doações sejam efetivamente investidas com critério e eficácia. “Vamos criar uma estrutura profissional, com governança, compliance e auditoria sobre os recursos”, explicou o empresário. A diretoria do Fundo Festival Amazonas de Ópera será composta por três membros: a presidente será a pianista, produtora e diretora executiva do FAO Flavia Furtado; a diretora financeira será a economista Claudine Furtado Anchite; e o diretor curatorial será o historiador Jorge Coli. Além disso, será formado um Conselho de Patronos cujo presidente será o empresário Antônio Vidal Esteve. A formatação e estruturação jurídica do fundo e do seu regimento serão de responsabilidade da advogada Cris Olivieri.

O fundo não trabalhará com as leis de incentivo, apenas com verbas diretas de doações filantrópicas, e tem como meta a captação de R$ 50 milhões nos próximos anos. O fundo não terá uma característica de endowment, uma vez que os recursos captados e eventuais ganhos serão diretamente investidos no festival, ainda que com uma preocupação de longo prazo.

O encontro ainda teve um recital dos cantores Juliana Taino e Fernando Portari, acompanhados do pianista Anderson Brenner, com algumas das Canções de amor de Claudio Santoro e Vinicius de Moraes além de árias e duetos da ópera Carmen, de Bizet

Luiz Fernando Malheiro anuncia programação do Festival Amazonas de Ópera 2023 

Durante o encontro, o maestro Luiz Fernando Malheiro também anunciou a programação da edição do Festival Amazonas de Ópera 2023, que terá quatro títulos: a estreia de O contratador dos diamantes, de Francisco Mignone, Anna Bolena, de Donizetti (com direção cênica de André Heller-Lopes), Piedade, de João Guilherme Ripper, e a remontagem de Peter Grimes, de Britten, estreada neste ano. 

O festival de 2023 ainda terá um concerto da Orquestra de Câmara do Amazonas e a produção do Navio Fantasma de Wagner pelas marionetes do Pequeno Teatro do Mundo. Durante o evento, Manaus também sediará a Assembleia Geral da Ópera Latinoamérica, que pela primeira vez terá uma edição no Brasil.

[Atualização em 18/11: para melhor compreensão da matéria, o título foi alterado.]

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