Festivais de dança no Brasil: uma celebração de movimento e arte 

por Redação CONCERTO 29/07/2025

Por Karla Dunder [Karla Dunder é jornalista com mais de 20 anos de experiência e passagens pelas redações de O Estado de S. Paulo, Record TV e UOL. Tem mestrado em Comunicação e Cultura pela ECA- USP.]

Em 2025, o cenário da dança no Brasil promete vibrar com uma agenda repleta de festivais, que celebram a arte do movimento em suas diversas linguagens. De norte a sul, palcos e espaços se transformam em vitrines para o talento de bailarinos, coreógrafos e companhias, consolidando o país como um polo efervescente da dança. Entre os eventos mais aguardados, destaca-se a 2ª Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP), que promete presentear os amantes da dança com uma programação eclética e reflexiva, além da 7ª Semana Paulista de Dança, no Masp. Em tempo: o Festival de Dança de Joinville, considerado o maior festival de dança amadora do mundo, que acontece em Joinville, Santa Catarina, encerra suas atividades no dia 2 de agosto. 

Os festivais têm papel importante na formação de plateia e democratização da dança como bem observa Cássia Navas, pesquisadora-professora do programa pós-graduação em artes da cena da Unicamp e coordenadora do programa qualificação em dança CULTSP-PRO: “Mostras e festivais de dança são fundamentais para plateias e artistas, que também são plateia, mas especializada. Seu crescimento, na primeira década dos 2000, em vários lugares do país, como Fortaleza e Recife, permitiu que eventos pudessem compartilhar obras, companhias, custos e esforços, o que deveria ser uma política de gestão criativa no estado de São Paulo. São territórios de trocas intensas e profissionais, onde a arte da dança se apresenta de forma concentrada, chamando a atenção de plateias, gestores, mediadores e pesquisadores. Sempre bem-vindos, transformam-se em patrimônio para o campo, merecendo mais atenção e apoio”.

2ª Mostra Internacional de Dança em São Paulo (MID-SP)

A 2ª Mostra Internacional de Dança em São Paulo (MID-SP), que acontece entre os dias 21 a 24 e 27 a 31 de agosto, no Itaú Cultural, com entrada gratuita, se destaca por sua ousadia, foco na pesquisa de novas linguagens e também na diversidade de estilos do que será levado para cena, uma espécie de laboratório de inovação, apresentando espetáculos de companhias nacionais e internacionais com propostas estéticas arrojadas. 

Realizada pela Associação Pró-Dança em parceria com o Itaú Cultural, a Mostra tem direção artística de Inês Bogéa e a cada noite propostas de diferentes artistas oferecem ao público a oportunidade de contemplar estéticas e estilos variados. “A MID-SP celebra a dança em toda a sua pluralidade. Para além dos espetáculos, o público poderá vivenciar mesas-redondas, pitch de espetáculos e videodanças – são múltiplos suportes que ampliam a experiência estética e crítica da dança. Nesta edição, reunimos artistas de diversas partes do Brasil – de Alagoas a Porto Alegre, de Manaus a Natal – e também de países como Argentina, França e Estados Unidos. É um encontro potente entre diferentes culturas, linguagens e formas de estar no mundo por meio do corpo e do movimento”, fala Inês.

A curadoria da Mostra de Espetáculos é de Marcela Benvegnu em diálogo com os curadores do Itaú Cultural, que selecionou 17 obras que abarcam as mais variadas linguagens da dança como – dança contemporânea, danças brasileiras, jazz dance, dança afro-diaspórica, performance, entre outras. A abertura (27 de agosto) leva à sala Itaú Cultural os espetáculos “Nuvem de Pássaros”, da Movidos Companhia de Dança, de Natal, e “So It Goes”, da White Wave Dance Company, de Nova York. Com o intuito de garantir a acessibilidade, todos os espetáculos contam com recursos de audiodescrição e tradução em Libras em tempo real.

Cena de ‘So it goes’, da White Wave Dance Company, de Nova York (divulgação)
Cena de ‘So it goes’, da White Wave Dance Company, de Nova York (divulgação)

Completam a programação: Taanteatro Companhia (SP) com “Mensagens de Moçambique”; Cia. de Danças de Diadema (Diadema) com “Força Fluída”; Sabuká Kariri-Xocó (AL) com “Toré – Cantos e Danças”; Coletivo Cendiras Bgirls (SP) com “Sem Tempo, Irmã!”; Lucia Bargados y Emiliano Falcone (Buenos Aires) com “Bilis Negra”; “Aycha”, uma coprodução latino-americana entre o Crudo Colectivo Artístico (Peru) e a Compañía Amateur (Chile); Jackeline Mourão e Reginaldo Borges (Campo Grande) com “Procedimento#6”; Nalini Cia de Dança (GO) com “Véu”; Curitiba Cia de Dança (Curitiba) com “Quando se Calam os Anjos”; Grupo Experimental Sapateia (Santo André) com “Enquanto Há Tempo”; Tainara Cerqueira (SP) com “Bola de Fogo”; Plural Cia. de Dança (Porto Alegre) com “Rede”; Raça Cia. de Dança de São Paulo (SP) com “Cartas Brasileiras”; À fleur de peau (Paris) com “Presente”; e Panorando Cia. e Produtora (Manaus) com “As Cores da América Latina”. 

Antes das apresentações serão exibidas 7 videodanças selecionadas por Charles Lima e Daniel Reca em diálogo com a equipe de curadoria do Itaú Cultural: “Escavação”, de Alex Reis (RJ); “Prelúdio”, de Gustavo Gelmini (RJ); “Vanitas” de Vinícius Cardoso (SP); “Grapiúna”, de Aldren Lincoln e Gil Amorim em colaboração com o Festival de Dança Itacaré (Salvador); “no mar do céu 001”, de Márcio Barreto (SP); “Piano Soleil”, de Caio Amon (Porto Alegre/Montréal); e “Seliberation #3”, de Estela Laponi (SP).

E por fim, o público também poderá conferir quatro mesas de diálogos com temas como modos de criação, curadoria, elementos que compõem a cena e ensino da dança para processos criativos e também um Pitch, evento online para projetos de dança, oferecendo oportunidades para mais grupos apresentarem seus trabalhos e estabelecerem conexões com programadores e artistas, com curadoria de Sayonara Pereira. Clique aqui para mais informações.

Semana Paulista de Dança no Masp

A Semana Paulista de Dança que chega a sua sétima edição em 2025, entre os dias 27 e 31 de agosto, emerge como um pilar essencial na aproximação entre a cidade de São Paulo e a arte do movimento. Sua proposta é desvendar um panorama rico e diversificado das produções de dança nacionais. O evento transcende a simples exibição, buscando ampliar o impacto da dança na sociedade ao apresentar uma vasta gama de linguagens e estilos. Essa celebração da diversidade não só fomenta a arte da dança, oferecendo um palco vital para companhias e grupos, mas também democratiza o acesso à cultura, com grande parte de sua programação gratuita e aberta a todos. No último ano, foi realizada em sinergia com a Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP). Ao transformar espaços icônicos da cidade, como a Avenida Paulista e o Masp, em verdadeiras vitrines do movimento, a Semana Paulista de Dança convida o público a uma imersão profunda e inspiradora na dança. 

Este ano o evento contará com apresentações de 17 espetáculos gratuitos, de 11 companhias de dança, abrangendo estilos que vão do balé clássico ao hip-hop e dança contemporânea, no Auditório do Masp (Museu de Arte de São Paulo), com curadoria de Anselmo Zolla, coreógrafo e diretor artístico da Studio3 Cia. 

A abertura terá a estreia do espetáculo “Céu de Pêssego”, da Quasar Cia de Dança, com duas sessões no Auditório Masp, na quarta-feira (27), às 19h e às 21h. Outro destaque fica por conta da São Paulo Companhia de Dança, que apresenta o segundo ato de “O Lago dos Cisnes” na versão de Mário Galizzi, um clássico do repertório que ganha nova leitura ao transformar o vão livre em palco, no sábado, 30 de agosto, às 15h. No edifício Pietro – nova sede do Masp –  em 29 de agosto, às 20h30, o público é convidado a assistir o espetáculo “Terezas”, da Cia de Dança Anderson Couto, que narra histórias de luta e resistência de mulheres negras, latino-americanas e caribenhas. A Semana Paulista de Dança está articulada com a Mostra Internacional de Dança de São Paulo, criando um grande movimento de celebração à dança em São Paulo. “Ao ocuparem os espaços do Masp, essas criações ganham novas leituras, impulsionadas tanto pelo contexto arquitetônico do museu, quanto pela relação direta com o público que circula diariamente pela Avenida Paulista”, diz Anselmo Zolla. Todos os espetáculos são gratuitos, com retirada de ingressos no local, duas horas antes. Em breve a programação completa pode ser acessada no site do Masp. 

Cena de ‘Céu de pêssego’, da Quasar Cia de Dança (divulgação)
Cena de ‘Céu de pêssego’, da Quasar Cia de Dança (divulgação)

Festival de Dança de Joinville

Até o dia 2 de agosto, o público que comparecer ao Festival de Dança de Joinville poderá acompanhar uma programação eclética com as mostras competitivas, workshops e apresentações de clássicos. Nesta edição, o público pode conferir “O lago dos cisnes”, com a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, e o espetáculo contemporâneo “Réquiem SP”, do Balé da Cidade de São Paulo, com criação e direção do coreógrafo Alejandro Ahmed.

O Festival de Dança de Joinville reafirma sua posição como o maior festival de dança do mundo em número de participantes, segundo o Guinness Book. Anualmente, em julho, a cidade se transforma em um epicentro de energia, com sua concorrida Mostra Competitiva, que reúne jovens talentos em balé clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado e danças urbanas. Além disso, a Mostra Não Competitiva apresenta espetáculos de companhias, enquanto as “Ruas da Dança” levam a arte para o público em espaços abertos. A “Meia Ponta” celebra os jovens talentos, e a Feira da Sapatilha oferece um espaço de negócios e networking. A presença de companhias convidadas e os workshops com artistas da dança são sempre pontos altos do evento. Na agenda, nesta semana, o público poderá conferir o talento de jovens bailarinos na Mostra Competitiva. A programação completa está disponível no site do festival.

Outros Festivais de destaque em 2025:

Para quem quer acompanhar a programação do segundo semestre, vale conferir:

Bienal Sesc de Dança (Campinas, São Paulo) de 25 de setembro a 5 de outubro A Bienal Sesc de Dança é um evento de grande relevância para a dança contemporânea no Brasil. Realizada em Campinas, a Bienal se configura como um espaço de reflexão, experimentação e diálogo sobre o movimento. A programação inclui espetáculos, instalações, performances e atividades formativas que exploram novas formas de expressão e reúnem artistas de diversas partes do Brasil e do mundo. É um evento que celebra a diversidade, a inovação e a expressão artística, indo além dos limites do palco (clique aqui para saber mais)  

Para aqueles que buscam expandir seus horizontes, o segundo semestre de 2025 também reserva grandes festivais profissionais nos Estados Unidos e na Europa: 

Jacob’s Pillow Dance Festival (Massachusetts): Este festival, que acontece entre os dias 30 de julho a 3 de agosto, é um dos mais antigos e prestigiados dos Estados Unidos, com uma programação eclética que abrange balé clássico, dança moderna e contemporânea (clique aqui para saber mais).

Fall for Dance Festival (Nova York): Marcado para os dias 16 a 27 de setembro  é conhecido por oferecer uma programação de alta qualidade a preços acessíveis, apresentando companhias estabelecidas e emergentes (clique aqui para saber mais).

Venice Biennale Danza (Veneza, Itália): Parte da prestigiada Bienal de Veneza, esta em cartaz até 2 de agosto, apresentando performances e criações originais de coreógrafos de vanguarda (clique aqui para saber mais).

Tanz im August (Berlim, Alemanha): Anualmente em agosto (13 a 30, é um dos festivais mais importantes da dança contemporânea na Europa, reunindo coreógrafos e companhias internacionais que exploram novas linguagens (clique aqui para saber mais).  

‘O lago dos cisnes’, produção da São Paulo Companhia de Dança (divulgação)
‘O lago dos cisnes’, produção da São Paulo Companhia de Dança (divulgação)

 

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