Por Karla Dunder [Karla Dunder é jornalista com mais de 20 anos de experiência e passagens pelas redações de O Estado de S. Paulo, Record TV e UOL. Tem mestrado em Comunicação e Cultura pela ECA- USP.]
Em 2025, o cenário da dança no Brasil promete vibrar com uma agenda repleta de festivais, que celebram a arte do movimento em suas diversas linguagens. De norte a sul, palcos e espaços se transformam em vitrines para o talento de bailarinos, coreógrafos e companhias, consolidando o país como um polo efervescente da dança. Entre os eventos mais aguardados, destaca-se a 2ª Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP), que promete presentear os amantes da dança com uma programação eclética e reflexiva, além da 7ª Semana Paulista de Dança, no Masp. Em tempo: o Festival de Dança de Joinville, considerado o maior festival de dança amadora do mundo, que acontece em Joinville, Santa Catarina, encerra suas atividades no dia 2 de agosto.
Os festivais têm papel importante na formação de plateia e democratização da dança como bem observa Cássia Navas, pesquisadora-professora do programa pós-graduação em artes da cena da Unicamp e coordenadora do programa qualificação em dança CULTSP-PRO: “Mostras e festivais de dança são fundamentais para plateias e artistas, que também são plateia, mas especializada. Seu crescimento, na primeira década dos 2000, em vários lugares do país, como Fortaleza e Recife, permitiu que eventos pudessem compartilhar obras, companhias, custos e esforços, o que deveria ser uma política de gestão criativa no estado de São Paulo. São territórios de trocas intensas e profissionais, onde a arte da dança se apresenta de forma concentrada, chamando a atenção de plateias, gestores, mediadores e pesquisadores. Sempre bem-vindos, transformam-se em patrimônio para o campo, merecendo mais atenção e apoio”.
2ª Mostra Internacional de Dança em São Paulo (MID-SP)
A 2ª Mostra Internacional de Dança em São Paulo (MID-SP), que acontece entre os dias 21 a 24 e 27 a 31 de agosto, no Itaú Cultural, com entrada gratuita, se destaca por sua ousadia, foco na pesquisa de novas linguagens e também na diversidade de estilos do que será levado para cena, uma espécie de laboratório de inovação, apresentando espetáculos de companhias nacionais e internacionais com propostas estéticas arrojadas.
Realizada pela Associação Pró-Dança em parceria com o Itaú Cultural, a Mostra tem direção artística de Inês Bogéa e a cada noite propostas de diferentes artistas oferecem ao público a oportunidade de contemplar estéticas e estilos variados. “A MID-SP celebra a dança em toda a sua pluralidade. Para além dos espetáculos, o público poderá vivenciar mesas-redondas, pitch de espetáculos e videodanças – são múltiplos suportes que ampliam a experiência estética e crítica da dança. Nesta edição, reunimos artistas de diversas partes do Brasil – de Alagoas a Porto Alegre, de Manaus a Natal – e também de países como Argentina, França e Estados Unidos. É um encontro potente entre diferentes culturas, linguagens e formas de estar no mundo por meio do corpo e do movimento”, fala Inês.
A curadoria da Mostra de Espetáculos é de Marcela Benvegnu em diálogo com os curadores do Itaú Cultural, que selecionou 17 obras que abarcam as mais variadas linguagens da dança como – dança contemporânea, danças brasileiras, jazz dance, dança afro-diaspórica, performance, entre outras. A abertura (27 de agosto) leva à sala Itaú Cultural os espetáculos “Nuvem de Pássaros”, da Movidos Companhia de Dança, de Natal, e “So It Goes”, da White Wave Dance Company, de Nova York. Com o intuito de garantir a acessibilidade, todos os espetáculos contam com recursos de audiodescrição e tradução em Libras em tempo real.

Completam a programação: Taanteatro Companhia (SP) com “Mensagens de Moçambique”; Cia. de Danças de Diadema (Diadema) com “Força Fluída”; Sabuká Kariri-Xocó (AL) com “Toré – Cantos e Danças”; Coletivo Cendiras Bgirls (SP) com “Sem Tempo, Irmã!”; Lucia Bargados y Emiliano Falcone (Buenos Aires) com “Bilis Negra”; “Aycha”, uma coprodução latino-americana entre o Crudo Colectivo Artístico (Peru) e a Compañía Amateur (Chile); Jackeline Mourão e Reginaldo Borges (Campo Grande) com “Procedimento#6”; Nalini Cia de Dança (GO) com “Véu”; Curitiba Cia de Dança (Curitiba) com “Quando se Calam os Anjos”; Grupo Experimental Sapateia (Santo André) com “Enquanto Há Tempo”; Tainara Cerqueira (SP) com “Bola de Fogo”; Plural Cia. de Dança (Porto Alegre) com “Rede”; Raça Cia. de Dança de São Paulo (SP) com “Cartas Brasileiras”; À fleur de peau (Paris) com “Presente”; e Panorando Cia. e Produtora (Manaus) com “As Cores da América Latina”.
Antes das apresentações serão exibidas 7 videodanças selecionadas por Charles Lima e Daniel Reca em diálogo com a equipe de curadoria do Itaú Cultural: “Escavação”, de Alex Reis (RJ); “Prelúdio”, de Gustavo Gelmini (RJ); “Vanitas” de Vinícius Cardoso (SP); “Grapiúna”, de Aldren Lincoln e Gil Amorim em colaboração com o Festival de Dança Itacaré (Salvador); “no mar do céu 001”, de Márcio Barreto (SP); “Piano Soleil”, de Caio Amon (Porto Alegre/Montréal); e “Seliberation #3”, de Estela Laponi (SP).
E por fim, o público também poderá conferir quatro mesas de diálogos com temas como modos de criação, curadoria, elementos que compõem a cena e ensino da dança para processos criativos e também um Pitch, evento online para projetos de dança, oferecendo oportunidades para mais grupos apresentarem seus trabalhos e estabelecerem conexões com programadores e artistas, com curadoria de Sayonara Pereira. Clique aqui para mais informações.
Semana Paulista de Dança no Masp
A Semana Paulista de Dança que chega a sua sétima edição em 2025, entre os dias 27 e 31 de agosto, emerge como um pilar essencial na aproximação entre a cidade de São Paulo e a arte do movimento. Sua proposta é desvendar um panorama rico e diversificado das produções de dança nacionais. O evento transcende a simples exibição, buscando ampliar o impacto da dança na sociedade ao apresentar uma vasta gama de linguagens e estilos. Essa celebração da diversidade não só fomenta a arte da dança, oferecendo um palco vital para companhias e grupos, mas também democratiza o acesso à cultura, com grande parte de sua programação gratuita e aberta a todos. No último ano, foi realizada em sinergia com a Mostra Internacional de Dança de São Paulo (MID-SP). Ao transformar espaços icônicos da cidade, como a Avenida Paulista e o Masp, em verdadeiras vitrines do movimento, a Semana Paulista de Dança convida o público a uma imersão profunda e inspiradora na dança.
Este ano o evento contará com apresentações de 17 espetáculos gratuitos, de 11 companhias de dança, abrangendo estilos que vão do balé clássico ao hip-hop e dança contemporânea, no Auditório do Masp (Museu de Arte de São Paulo), com curadoria de Anselmo Zolla, coreógrafo e diretor artístico da Studio3 Cia.
A abertura terá a estreia do espetáculo “Céu de Pêssego”, da Quasar Cia de Dança, com duas sessões no Auditório Masp, na quarta-feira (27), às 19h e às 21h. Outro destaque fica por conta da São Paulo Companhia de Dança, que apresenta o segundo ato de “O Lago dos Cisnes” na versão de Mário Galizzi, um clássico do repertório que ganha nova leitura ao transformar o vão livre em palco, no sábado, 30 de agosto, às 15h. No edifício Pietro – nova sede do Masp – em 29 de agosto, às 20h30, o público é convidado a assistir o espetáculo “Terezas”, da Cia de Dança Anderson Couto, que narra histórias de luta e resistência de mulheres negras, latino-americanas e caribenhas. A Semana Paulista de Dança está articulada com a Mostra Internacional de Dança de São Paulo, criando um grande movimento de celebração à dança em São Paulo. “Ao ocuparem os espaços do Masp, essas criações ganham novas leituras, impulsionadas tanto pelo contexto arquitetônico do museu, quanto pela relação direta com o público que circula diariamente pela Avenida Paulista”, diz Anselmo Zolla. Todos os espetáculos são gratuitos, com retirada de ingressos no local, duas horas antes. Em breve a programação completa pode ser acessada no site do Masp.

Festival de Dança de Joinville
Até o dia 2 de agosto, o público que comparecer ao Festival de Dança de Joinville poderá acompanhar uma programação eclética com as mostras competitivas, workshops e apresentações de clássicos. Nesta edição, o público pode conferir “O lago dos cisnes”, com a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, e o espetáculo contemporâneo “Réquiem SP”, do Balé da Cidade de São Paulo, com criação e direção do coreógrafo Alejandro Ahmed.
O Festival de Dança de Joinville reafirma sua posição como o maior festival de dança do mundo em número de participantes, segundo o Guinness Book. Anualmente, em julho, a cidade se transforma em um epicentro de energia, com sua concorrida Mostra Competitiva, que reúne jovens talentos em balé clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado e danças urbanas. Além disso, a Mostra Não Competitiva apresenta espetáculos de companhias, enquanto as “Ruas da Dança” levam a arte para o público em espaços abertos. A “Meia Ponta” celebra os jovens talentos, e a Feira da Sapatilha oferece um espaço de negócios e networking. A presença de companhias convidadas e os workshops com artistas da dança são sempre pontos altos do evento. Na agenda, nesta semana, o público poderá conferir o talento de jovens bailarinos na Mostra Competitiva. A programação completa está disponível no site do festival.
Outros Festivais de destaque em 2025:
Para quem quer acompanhar a programação do segundo semestre, vale conferir:
Bienal Sesc de Dança (Campinas, São Paulo) de 25 de setembro a 5 de outubro A Bienal Sesc de Dança é um evento de grande relevância para a dança contemporânea no Brasil. Realizada em Campinas, a Bienal se configura como um espaço de reflexão, experimentação e diálogo sobre o movimento. A programação inclui espetáculos, instalações, performances e atividades formativas que exploram novas formas de expressão e reúnem artistas de diversas partes do Brasil e do mundo. É um evento que celebra a diversidade, a inovação e a expressão artística, indo além dos limites do palco (clique aqui para saber mais)
Para aqueles que buscam expandir seus horizontes, o segundo semestre de 2025 também reserva grandes festivais profissionais nos Estados Unidos e na Europa:
Jacob’s Pillow Dance Festival (Massachusetts): Este festival, que acontece entre os dias 30 de julho a 3 de agosto, é um dos mais antigos e prestigiados dos Estados Unidos, com uma programação eclética que abrange balé clássico, dança moderna e contemporânea (clique aqui para saber mais).
Fall for Dance Festival (Nova York): Marcado para os dias 16 a 27 de setembro é conhecido por oferecer uma programação de alta qualidade a preços acessíveis, apresentando companhias estabelecidas e emergentes (clique aqui para saber mais).
Venice Biennale Danza (Veneza, Itália): Parte da prestigiada Bienal de Veneza, esta em cartaz até 2 de agosto, apresentando performances e criações originais de coreógrafos de vanguarda (clique aqui para saber mais).
Tanz im August (Berlim, Alemanha): Anualmente em agosto (13 a 30, é um dos festivais mais importantes da dança contemporânea na Europa, reunindo coreógrafos e companhias internacionais que exploram novas linguagens (clique aqui para saber mais).

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