Baroque in Rio celebra música barroca da França e do Brasil

por Luciana Medeiros 29/08/2019

A partir dos anos 1600, fim do Renascimento, a onda barroca nas artes traduziu a profunda mudança das civilizações ocidentais em toda a sua contradição e complexidade – contrarreforma religiosa, valorização do impacto emocional, dualidades e conflitos do novo pensamento. É assim, como a revolução que o Barroco efetivamente foi – comparável, em nosso tempo, pelo impacto do rock –, que Rosana Lanzelotte apresenta os eventos do Baroque in Rio, de 30 de agosto a 2 de setembro, em quatro palcos da capital fluminense. E sim, a semelhança fonética do nome com o do festival de rock – cuja 8ª edição começa no final de setembro - é proposital. São concertos, master classes e filme comentado, na Sala Cecilia Meireles, Theatro Municipal, Outeiro da Glória e no Teatro Maison de France.

“Tomara que seja realmente um grande rock”, diz Rosana, que toca no espetáculo de abertura, Bach, Bach, Bach: concertos para 2 e 4 cravos de J.S.Bach, uma rara oportunidade de ouvir peças para o instrumento nessas formações. Rosana terá como companheiros de palco Olivier Baumont, Marcelo Fagerlande e Cristiano Gaudio. “O Barroco foi o rock do século XVIII”, reforça a cravista, que pretende celebrar com o festival os “30 anos de trocas musicais entre o Rio de Janeiro e a França”.

Além de Gaudio e Baumont, vêm da França Julien Chauvin (violino barroco e regência), Christine Plubeau (viola da gamba) e Jeanne Zaepffel (soprano). O intercâmbio mais intenso desde grupo teve como ponto de partida o ano de 1987, quando se iniciou na França um movimento de revalorização do barroco na música, com a montagem da opera Atys, de Jean-Baptiste Lully (vídeo abaixo).

 

“Foi o início de uma grande voga de resgate da música francesa barroca”, lembra Rosana, “que ocasionou a vinda ao Brasil do musicólogo Philippe Beaussant, que se tornou um grande amigo e com quem idealizamos os primeiros festivais de música barroca desde então”. 

Beaussant – que faleceu em 2016 – foi um nome referencial no estudo do barroco francês: é dele, por exemplo, a biografia de Jean-Baptiste Lully, o compositor do Rei-Sol. O livro serviu de base para o roteiro do filme Le roi danse, que será projetado no dia 2, acompanhado por música ao vivo e comentários de Olivier Beaumont, no Maison de France. Antes disso, no sábado, às 17h, o público pode ouvir um programa totalmente, francês tocado pelos cinco franceses, com obras de Jean-Baptiste Lully, Jean Jean-Philippe Rameau e Antoine Forqueray, entre outros. No domingo, às 11h, a Orquestra da UNiRio se apresenta no Municipal regida por Julien Chauvin, tocando a Música para um Novo Reino – com a Abertura Zemira de José Maurício Nunes Garcia, a Abertura de Sigismund Neukomm e a Sinfonia Júpiter de Mozart.

“Vamos estrear em tempos modernos a Abertura que Neukomm escreveu há exatos 200 anos em homenagem ao primeiro embaixador da França junto ao novo reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”, celebra a cravista. “Ele inaugura os repertórios sinfônicos no Brasil”.

As master classes ministradas por Beaumont e Chauvin acontecem na segunda, dia 2, na Aliança Francesa de Botafogo, gratuitas como a maior parte dos eventos do festival (os concertos na Sala Cecilia Meireles e no Municipal têm ingressos populares). 

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Julien Chauvin, Rosana Lanzelotte, Olivier Baumont, Jeanne Zaepfell, Cristiano Gaudio e Christine Plubeau [Divulgação/Pedro Paulo Koellreuter]
Julien Chauvin, Rosana Lanzelotte, Olivier Baumont, Jeanne Zaepfell, Cristiano Gaudio e Christine Plubeau [Divulgação/Pedro Paulo Koellreuter]

 

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