Compositoras em foco: Augusta Holmès e ‘Ludus pro patria’

por Redação CONCERTO 20/05/2024

Filha de irlandeses, Augusta Holmès nasceu em Paris em 1847. A família era contra seu interesse pela música e foi apenas após a morte da mãe que ela começou seus estudos. Àquela época, o Conservatório de Paris não aceitava mulheres nas classes de Teoria e Harmonia, e ela precisou buscar orientação com professores particulares. 

Mariateresa Storino, professora de história da música no Conservatório Rossini de Pesaro que tem se dedicado a pesquisar a vida e a obra da compositora, afirma que o contato com Fauré foi decisivo não apenas na criação de sua linguagem musical como também por ter desenvolvido seu interesse por grandes formas, incluindo cantatas e óperas.

Sua Ode triunfal foi escrita para um grupo de 300 músicos e 900 cantores e sua estreia, nos anos 1890, foi responsável por inseri-la na vida musical parisiense da época, como atesta também o fato de que a estreia de La Montagne Noire, sua terceira ópera, foi realizada na Ópera de Paris. E é significativo do preconceito contra compositoras que, desde então, as duas peças nunca mais tenham sido apresentadas, lembra Storino.

Que Holmès cultivou interesse por obras de Richard Wagner, também é um ponto a ser lembrado: ela esteve presente, com Franz Liszt, na estreia de O Ouro do Reno em Munique, em 1869. O compositor húngaro, por sinal, foi um dos que a apoiou desde cedo, reconhecendo em suas canções “harmonias do mesmo nível daquele atingido por Schubert em suas maiores criações”.

Sua produção inclui sinfonias e poemas sinfônicos, obras corais (algumas ainda inéditas), óperas e canções. Uma peça importante é Ludus pro patria, estreada em 1888, peça para coro e orquestra inspirada na pintura de mesmo nome do artista francês Pierre Puvis de Chavannes.

“Naturalmente talentosa, ambiciosa e apaixonada pelas artes, Holmès projetou a obra do início ao fim, não deixando nada ao acaso, desde o poema, que ela mesma escreveu (como Wagner, seu modelo ao longo da vida)”, anota o texto de apresentação da edição da partitura. “A sua escolha pelo gênero ode-sinfonia – caracterizado pela presença de um narrador – foi significativa, pois pretendia, à sua maneira, confundir as fronteiras entre ópera, sinfonia e oratório, e contribuiu para a procura do ideal da obra de arte total.”

Roteiro
Interlúdio sinfônico de Ludus pro patria, Noite e amor será apresentado pela Orquestra Sinfônica do Espírito Santo nos concertos dos dias 22 e 23, em Vitória, sob regência do maestro Helder Trefzger. Veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO. 

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A compositora francesa Augusta Holmès [Reprodução]
A compositora francesa Augusta Holmès [Reprodução]

 

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