Compositoras em foco: o Site CONCERTO inaugura esta semana, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, uma nova série, dedicada a apresentar importantes compositoras do passado e do presente e algumas de suas obras mais marcantes
Lili Boulanger nasceu em 1893, em Paris, em uma família de músicos. Ainda na infância, sofreu de tuberculose e teve uma pneumonia que deixou sequelas, influenciando seu estado de saúde até sua morte prematura, em 1918.
Pequena, Lili acompanhava sua irmã mais velha Nadia nas aulas do Conservatório de Paris. Começou a estudar piano em casa, mas, com o tempo, passou a frequentar as aulas de composição de Paul Vidal e Georges Caussade.
Em 1913, com 19 anos, ela se tornou a primeira mulher a vencer o importante Prix de Rome. O prêmio incluía uma residência na Villa Medici, em Roma, mas Boulanger foi forçada a voltar mais cedo à França por conta da Primeira Guerra Mundial.
Ela retornaria em 1916 à Itália, mas novamente foi impedida de completar sua estadia, desta vez por questões de saúde. Apesar disso, ela produziu algumas de suas obras mais conhecidas durante esses anos, como o ciclo de canções Clairières dans le ciel, além de ter iniciado a ópera La Princesse Maleine, baseada em peça de Maurice Maeterlinck.
Em 1918, já muito debilitada por seus problemas de saúde e pouco antes de morrer, ela escreveu suas últimas obras, entre elas Pie Jesu e D’un Matin de Printemps.
“A abertura rápida de Matin é sustentada por notas curtas nas cordas, proporcionando impulso à medida que a flauta solo entra com o tema principal. Como grande parte da música francesa da época, os sopros aparecem com destaque, transmitindo vibração com seu timbre brilhante, e passagens melodiosas ocasionais de cordas adicionam uma textura exuberante”, escreve Pamela Feo, da Universidade de Boston, especialista na obra de Boulanger.
“Esta manhã de primavera não está isenta de sombras, no entanto. Depois que metais e percussão se juntam para uma breve ressonância do conjunto, a energia da abertura afunda em um estado mais sombrio. Boulanger emprega magistralmente cor e textura para continuar esse fluxo e refluxo contínuo entre dois reinos. Um deles é brilhante e alerta, com cada reafirmação do tema principal em sopros solo atuando como um chamado à atenção e restaurando o andamento mais rápido. O outro é onírico, marcado pelo mistério, com violino fantasmagórico. Eventualmente, a energia inicial retorna por completo em uma série de floreios, um glissando na harpa marcando um final brilhante.”
Roteiro Musical
D’un Matin de Printemps será apresentada no sábado, dia 10, pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (veja mais detalhes aqui).
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