Retrospectiva 2024: Flavia Furtado, diretora-presidente do Fundo do Festival Amazonas de Ópera - FFAO
“O ano de 2024 foi marcado por grandes eventos internacionais da ópera, com participação ativa do Brasil. O segundo Fórum Mundial de Ópera, que aconteceu em junho, nos Estados Unidos, reuniu 33 delegados oficiais de todos os continentes e 750 lideranças mundiais do setor para discutir os caminhos e possibilidades dessa manifestação artística que está mais viva do que nunca. O Brasil levou uma delegação poderosa, com representantes de regiões distintas. Pela primeira vez, tivemos a presença de um representante do Governo Federal, o coordenador de Ópera e Música de Concerto da Funarte, Hudson Lima, que tem atuado como um defensor do setor junto às esferas governamentais, passo importante na construção de novas políticas públicas. Tive o privilégio de ser uma das delegadas oficiais do encontro e abordei em minha fala os diversos papéis que os teatros têm na preservação ambiental. É preciso entender caso a caso e desenvolver estratégias adaptadas aos respectivos contextos geográficos e estruturais de cada teatro e organização. O meio ambiente é um tema transversal mundial e o Brasil precisa trazer para o debate público a questão climática, a sustentabilidade e a preservação como parte fundamental dos modelos de negócio e gestão para todas as áreas no século 21.
Em novembro, aconteceu no Chile outro evento importante: a 17ª Conferência Anual da Ópera Latinoamérica, que vem contando a cada ano com a participação de mais instituições, não necessariamente culturais, como a Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Cooperação Andina de Desenvolvimento (CAF). Isso demonstra o potencial dos nossos teatros no cenário de um futuro sustentável. A conferência deste ano teve a presença de representantes da Ópera América, da Ópera Europa, do Fórum de Artes Cênicas da China e do Japão, país que será o anfitrião do próximo Fórum Mundial de Ópera, em 2028.
A ópera está vivendo um renascimento e redescobrimento importante desde o início do século 21, e somos claramente foco de interesse do mercado global. Em Manaus estamos nos preparando para a 26ª edição do Festival Amazonas de Ópera com muito afinco e com a consciência de ocuparmos este importante lugar de produção de cultura como vetor para o desenvolvimento econômico e social da Floresta Amazônica. Vejo todo esse movimento internacional impulsionando novas iniciativas também aqui no Brasil, com novas companhias de ópera independentes surgindo fora do eixo Rio-São Paulo e a reestruturação de teatros, como o Theatro São Pedro de Porto Alegre. O Brasil tem tido um papel fundamental dentro do mercado latino-americano e seguimos com duas cadeiras dentro do Diretório da Ópera Latinoamérica. Que possamos desenvolver cada vez mais este setor tão vital para a diversidade cultural e que sempre teve e terá impactos importantes para a economia e o desenvolvimento social do nosso país.” [Depoimento de dezembro de 2024]
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