Guilherme Mannis: um ano para se arriscar 

Retrospectiva 2024: Guilherme Mannis, diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Sergipe  

“Um ano de programações ousadas, de experimentações: assim posso definir o 2024 da Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse). Ainda em processo de reestruturação de temporadas artísticas e em busca da tão sonhada institucionalização e das vantagens que tal realização traria, nossa gestão musical tem enfrentado muitos desafios. Receitas preconcebidas de programação dos grandes centros nacionais simplesmente não funcionam, exigindo de nós, diretores, uma dose extra de reflexão para o alcance de bons resultados.

A velocidade da mudança de interesse das pessoas, o apego enorme às redes sociais e a suscetibilidade de todos à manipulação dos algoritmos requerem de nós enorme capacidade de adaptação; se não jogarmos completamente esse ‘jogo‘, deveremos ao menos dialogar com ele, atualizando nossa forma de nos comunicar com o público e promovendo acessibilidade à nossa produção, cuja qualidade deve manter-se impecavelmente alta, independentemente de dificuldades financeiras ou de questões geográficas.

O encontro Orquestras em Pauta, promovido pelo Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto, foi um bom momento de reflexões sobre a nossa atividade. Contudo, não se operacionalizou ainda significativa união entre nossas instituições, e entes governamentais, sobretudo o federal, seguem a meu ver pouco requeridos para o apoio devido às nossas necessidades, por vezes básicas. 

Em relação à Orsse, a Temporada 2024 trouxe-nos a temática da sustentabilidade; soma-se a isso a performance de grandes peças do repertório não muito executadas no Brasil, e também a realização de crossovers muito bem arquitetados com a música regional e grandes trilhas cinematográficas. O incremento dos salários dos músicos aliado à sensibilidade desta boa gestão estadual traz-nos ótimas perspectivas para os dois próximos anos.” [Depoimento de dezembro de 2024]

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