Conselho composto majoritariamente por indicados do presidente aprovou a mudança, contestada por democratas, juristas e membros da família Kennedy
O John F. Kennedy Center for the Performing Arts, um dos mais importantes complexos de artes cênicas dos Estados Unidos, passará a se chamar oficialmente “The Donald J. Trump and The John F. Kennedy Memorial Center for the Performing Arts”, após decisão do seu conselho curador.
Segundo o site The Violin Channel, o conselho, composto majoritariamente por integrantes nomeados recentemente pelo presidente Donald Trump, aprovou a mudança de forma “unânime”. O próprio Trump declarou ter ficado “honrado e surpreso” com a decisão, ressaltando que a proposta partiu de um dos membros do conselho e foi aprovada em votação.
Nos últimos meses, o Kennedy Center passou por profundas alterações administrativas. Em fevereiro, Trump nomeou a si próprio presidente do conselho, substituindo o filantropo David M. Rubenstein, e indicou novos membros. Também houve mudança na presidência executiva da instituição, com a saída de Deborah Rutter e a nomeação de Richard Grenell, então enviado especial da Casa Branca.
A alegada unanimidade na votação para a mudança do nome, contudo, foi contestada por representantes democratas. A deputada Joyce Beatty, integrante designada do conselho, afirmou que foi impedida de se manifestar durante a reunião virtual. “Toda vez que tentei falar ou expressar oposição, meu microfone foi silenciado”, disse em vídeo divulgado nas redes sociais. No mesmo sentido, membros da família Kennedy também questionaram a legitimidade da decisão.
Joe Kennedy III, ex-congressista e sobrinho-neto do presidente assassinado, declarou que o centro é “um memorial vivo a John F. Kennedy, estabelecido por lei federal”, e que não poderia ser renomeado sem ação do Congresso, comparando o caso à impossibilidade de se alterar o nome do Lincoln Memorial. O neto de Kennedy, Jack Schlossberg, reforçou que a votação não foi consensual.
Historiadores, parlamentares democratas e juristas apontam possíveis ilegalidades, lembrando que o Kennedy Center foi instituído como memorial por legislação aprovada em 1964, após o assassinato do presidente John F. Kennedy, e que leis posteriores restringem a criação de novos memoriais ou alterações simbólicas no espaço.
Líderes democratas no Congresso afirmaram que o conselho não tem autoridade para alterar o nome do centro sem aprovação legislativa, indicando que o tema pode resultar em disputas políticas e judiciais.
Apesar das controvérsias, a mudança já começou a ser implementada: segundo notícia publicada hoje no G1, o site oficial do Kennedy Center foi atualizado e a nova identificação passou a ser instalada na fachada do edifício, com o nome de Trump acrescentado acima do de John F. Kennedy.
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