Irineu Franco Perpetuo: incríveis façanhas e duros percalços

Retrospectiva 2024: Irineu Franco Perpetuo, jornalista, tradutor e crítico musical 

“2025 foi um ano de incríveis façanhas e duros percalços. Em São Paulo, não há como não festejar a reinauguração, 16 anos depois do incêndio, de um Teatro Cultura Artística renovado por dentro e por fora, com uma acústica magnífica e colocando a cidade no mapa das grandes estrelas internacionais, mas sem negligenciar a ligação com o meio musical brasileiro. Se o mesmerizante recital de Daniil Trífonov (Mozarteum Brasileiro) foi na Sala São Paulo, quase todos os momentos inesquecíveis da temporada aconteceram no Cultura Artística: o Messias da Academia Bach de Stuttgart, Lang Lang, Joshua Bell, o incrível Schumann de Cristian Budu com a Orquestra de Câmara de Basel e o arrepiante encontro dos quartetos Belcea e Ébène. Vale registrar ainda o protagonismo de Érika Ribeiro no Theatro Municipal, brilhando tanto com orquestra (no demoníaco concerto de Ginastera) quanto com o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo; o feito histórico do jovem compositor Caio de Azevedo, cria do Neojiba, no Concurso Internacional de Genebra; e a vertigionosa ascensão internacional do violinista Nathan Amaral. Por outro lado, o cancelamento (ou liquidação?) do Festival Amazonas de Ópera e a inominável tentativa de despejar a Filarmônica de Minas Gerais demonstram que em nosso país nem as iniciativas mais exitosas têm garantia de continuidade. 2025 foi um ano de perdas duríssimas, a começar da tragédia que nos levou Antonio Meneses. Foi-se outro paradigma de excelência, Arthur Moreira Lima, e tanta gente querida que não cabe aqui. Enumerarei Marlos Nobre, Achille Picchi, Guilherme Bauer, Laércio de Freitas, Sami Bordokan, Clóvis Pereira, Maria Josephina Mignone, Gaby Leib e Wanessa Dourado, cujas ausências já se fazem sentir dolorosamente.” [Depoimento de dezembro de 2024]

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