Retrospectiva 20224: Julianna Santos, diretora cênica
“A ópera segue no Brasil como uma forma de expressão artística forte e potente que se pensa em relação ao seu tempo, acompanhando os acontecimentos e construindo caminhos que refletem nossa atual sociedade. Esse ano me chamou a atenção a consolidação de iniciativas fora do eixo das grandes instituições e que tão necessariamente ampliam o mercado de trabalho absorvendo profissionais de tantos novos projetos de formação. Companhias mais novas se juntam a iniciativas mais antigas que seguem construindo história, espaços que antes não trabalhavam com ópera agora se abrem para o gênero. Vejo essas ações como importantes e determinantes, tanto para o mercado quanto para a formação de novos públicos e deixo registrada minha admiração pelo legado que essas iniciativas estão construindo. Destaco aqui a recém anunciada inauguração de um novo teatro com fosso no Rio Grande do Sul e que sua abertura será festejada com a apresentação de uma ópera realizada pela Cors (Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul).
Com nossa Cinderela participei de um projeto piloto do Theatro São Pedro (SP) de itinerância. Em três dias percorremos três cidades do interior de São Paulo e fomos calorosamente recebidos pelo público, encantado com a música e com a experiência que a ópera proporciona.
Não posso deixar de citar que em 2024 sentimos o impacto de alguns cancelamentos. Essa instabilidade tem sido uma preocupação, pois os projetos fazem parte da agenda de artistas e técnicos e o movimento de continuidade se faz necessário na solidificação de nossa história cultural. Nesse sentido, destaco a importância do anual encontro Ópera em Pauta, que segue traçando estratégias para que no coletivo encontremos caminhos para fortalecimento do setor. Particularmente, acho que tem sido importante a integração da ópera com outros setores da sociedade. Muito interessante foi minha participação ministrando uma palestra na Academia Mineira de Letras sobre mulheres na ópera, falando a partir das personagens femininas em montagens que dirigi, para uma audiência que não era exatamente de pessoas da ópera, experienciando trocas significativas e enriquecedoras para mim e para as partes participantes.
Destaca-se nos últimos anos a produção de obras brasileiras contemporâneas, e as perspectivas para o próximo ano não se mostram diferentes. Particularmente estarei envolvida em dois novos projetos. Um título do repertório tradicional também faz parte da minha agenda de trabalho. Estar num teatro, fazendo ópera com tantas pessoas envolvidas, com o público, é revolucionário, pois esse encontro nos provoca no lugar do sensível. Estou ao lado da ópera. Viva a ópera!!” [Depoimento de dezembro de 2024]
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