Retrospectiva 2024: Luciana Medeiros, jornalista, escritora, colaboradora da Revista e do Site CONCERTO
“Começando pelo final. O ano de 2024 para a música e a ópera terminou com uma constatação melancólica a respeito dos critérios de patrocínio cultural. O edital da Petrobras, ou Programa Cultural Petrobras, traz um total de zero patrocínios para música clássica e ópera. Cinema, música popular, teatro, dança, orgulho trans, coletivos, bienal do livro. Mas nenhum violino, nenhum projeto de composição ou performance, nada.
Mas pelo menos a Petrobras patrocina o Municipal do Rio, apesar da obrigação do estado de manter seu teatro em funcionamento e investir nele. A direção artística continua fazendo um esforço muito louvável para recuperar espaços. As óperas do ano tiveram boas produções – O elixir do amor, de Donizetti, foi muito bem-feita, sem pretensões e com jovens vozes competentes, além dos ótimos cenário e figurino de Desirée Bastos; Il trittico, de Puccini, com destaque para Suor Angelica de Ludmilla Bauerfeldt, mostrou a competência de Pablo Maritano em sua estreia na direção no palco carioca, e contou de novo com Desirée; o festival Oficina de Ópera, com seu caráter de formação, ainda apresentou a inédita Candinho, de João Guilherme Ripper, sobre a infância de Portinari, e Le villi, outro Puccini que não tinha sido montado no Rio. O ano acabou com Rusalka, de Dvórak, que também teve sua primeira montagem no Rio, com direção de André Heller-Lopes e regência de Luiz Fernando Malheiro. Não deixa de ser um panorama de movimento.
A partir do Rio também continua funcionando o projeto Sinos, Sistema Nacional de Orquestras Sociais, uma parceria Funarte/UFRJ, abastecendo os projetos sócio musicais com material para execução e oficinas, e ainda encomendando e montando óperas. Aplausos calorosos. Também na UFRJ, a Orquestra da universidade celebrou seu centenário, uma história contada por alunos e professores dentre os maiores nomes do Brasil.
Dos internacionais no balneário, a Série Dellarte continua praticamente sozinha. De sua programação a lembrança do recital polêmico da celebridade do piano Yuja Wang, que enfrentou uma plateia barulhenta e quase abandonou o recital.
Que 2025 aproveite o melhor e corrija ausências e excessos.” [Depoimento de dezembro de 2024]
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