‘Terra em transe’, de Glauber Rocha, é ponto de partida para espetáculo no Municipal de São Paulo

O Theatro Municipal de São Paulo apresenta neste final de semana o espetáculo Cantos de Maldoror: Terra em Transe em transe, idealizado por Nuno Ramos e Eduardo Climachauska a partir da música original para o filme Terra em transe, de Glauber Rocha, de 1967.

"No espetáculo, os fluxos migratórios entre o som eletrônico que compusemos, a partitura acústica que o recriou, a execução orquestral e coral desta partitura e ainda a audição final do público, vários códigos se entrelaçam, se perdem e se reencontram, articulando-se ainda uma vez, criando novos parâmetros, numa espécie de teste de resistência, algo apocalíptico, de uma verdadeira obra-prima de finais dos anos 60: a trilha sonora original do filme Terra em Transe", dizem Ramos e  Climachauska

O espetáculo contou com a colaboração de Piero Schlochauer e Rodrigo Morte para construir a orquestração, colocando em forma de música e som a concepção. Participam a Orquestra Sinfônica Municipal sob regência de Guga Petri, e o Coro Lírico Municipal sob regência de Érica Hindrikson. A concepção cenográfica é de Laura Vinci e a iluminação de Wagner Antônio.

O concerto, explicam os artistas, estrutura-se a partir do percurso de Paulo Martins, a personagem central do filme, interpretado, junto aos demais personagens, pelos solistas Georgette Fadel, Marat Descartes e Marcelo Cabral. Marcela Lucatelli participa como solista.
 
“Dessa maneira, a obra é dividida: quatro pitchs, ou afinações diferentes: Presente (Pitch - 12);  Passado Vieira (Pitch - 16) ;  Delírio (Pitch normal); e Passado Diaz (Pitch + 12), que vão deformando a sonoridade e o tempo em um deslizar contínuo.” 

O cenário é produzido por Laura Vinci e Wagner Antônio e consiste em quatro pêndulos que vibram em velocidades diferentes, acompanhando os pitchs. “A ideia é que esses pêndulos entrem em cena como uma forma de materializar o tempo através de uma rigorosa coreografia.”
 
Outro aspecto do concerto é o Coro de Maldoror criado a partir dos improvisos de Juçara Marçal, retrabalhados até formar o material que o Coro Lírico Municipal cantará. “A partir desta profusão sonora, estética e política, a obra é uma tentativa de acessar essa estranha perda contemporânea da posição relativa entre personagens, forças e corpos”, explicam Ramos e  Climachauska.

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