No dia 24 de setembro, a Orquestra Sinfônica de Guarulhos estreia uma nova produção de O turco na Itália, de Rossini – e, com ela, abre a primeira edição do Festival de Ópera de Guarulhos, que pretende transformar a cidade em polo de produção dedicado ao gênero.
“É muito importante para nós esse objetivo”, diz o diretor artístico Emiliano Patarra. “O que podemos mostrar é que é possível termos outros lugares do país produzindo óperas de forma regular. Se podemos fazer, outras cidades podem também. O fato é que hoje temos ainda poucas óperas Brasil afora, com uma produção que nem sempre é regular. Se tivermos novos centros e cada centro produzir, três, quatro óperas, esse contexto pode mudar. Queremos contribuir, passo a passo, e estimular outras iniciativas.”
Para Patarra, Guarulhos pode se estabelecer nesse contexto de forma clara. “Queremos buscar obras que tenham relevância, mas que estejam de alguma forma fora do repertório. As opções são muitas e podemos fazer coisas maravilhosas nesse processo de resgate. Foi assim, em 2019, com a Vanessa, de Barber; em 2020, com O Cônsul, de Menotti; e agora com o Turco”, explica.
“E isso não têm um viés de uma estética só, ou de um tipo único de narrativa. Podemos ter uma obra altamente politizada, com o Cônsul, outra que é um conto de fadas, caso da Rusalka, de Dvorák, e uma comédia, como o Rossini. Para o público da cidade, não habituado a esse tipo de espetáculo, é uma forma também de mostrar o alcance da linguagem da ópera, como ela pode nos jogar para todos os lados. E como não há verdade na ideia de que a ópera está desvinculada do público, perdida no tempo e inacessível. A montagem do Turco, por exemplo, está ambientado em um ambiente circense, o que mostra a possibilidade da mescla de linguagens.”
O festival começa com Turco na Itália, com direção cênica de André Heller-Lopes. Em seguida, em outubro, será reencenada a ópera O Cônsul, com direção de Pablo Maritano; e, em novembro, Rusalka, de Dvorák, mais uma vez com Maritano. “É também um repertório que pode privilegiar o elenco brasileiro. Temos a convicção de que tem gente muito boa fazendo ópera no Brasil e que esses artistas merecem espaço cada vez maior para desenvolverem seu trabalho”, diz Patarra.
O retorno de O Cônsul é fruto, explica o maestro, da criação de um sistema de repertório no festival. “É uma questão fundamental na ópera brasileira, a de que um espetáculo tem quatro récitas e depois todo o esforço de produção se perde. Por isso vamos repetir a ópera do Menotti, para inaugurar o festival já com esse conceito de remontagem”, conclui Patarra.
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