‘Ópera em pauta’ começa em Porto Alegre

Dia de abertura contou com a presença do secretário da Cultura Eduardo Loureiro e encerrou-se com apresentação de ópera de Händel

Iniciou-se ontem, 24 de outubro, o sexto encontro Ópera em pauta, realização do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de concerto. Este ano, o evento acontece em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 

A programação começou com uma visita às obras de reforma do centenário Theatro São Pedro da capital gaúcha, inaugurado em 1858. Fechado desde a inauguração do complexo cultural Multipalco Eva Sopher, o teatro passa por uma modernização, uma reforma que visa atender às novas exigências de acessibilidade e segurança. O prédio deverá ser reinaugurado até o fim do ano que vem.

Quem guiou a visita às obras foi o próprio presidente da Fundação Theatro São Pedro, Antonio Hohlfeldt. A Fundação Theatro São Pedro faz a gestão de todo o complexo cultural, tanto do antigo teatro, quanto das novas instalações do Multipalco Eva Sopher.

Em seguida, ocorreu a cerimônia de abertura do 6º Ópera em pauta, na Sala de Música do Multipalco, que contou com a presença do secretário da Cultura do estado, Eduardo Loureiro, do presidente da Fundação Theatro São Pedro Antonio Hohlfeldt, do representante do Fórum-ODM André Heller-Lopes, do presidente da Cors – Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul Flavio Leite e do diretor da Ospa - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Manfredo Schmiedt, os dois últimos anfitriões do evento. Foi consenso entre os palestrantes, com assertiva concordância do secretário, a importância da realização do evento em Porto Alegre, dada ao grande investimento que o estado vem realizando na área, tanto do ponto de vista estrutural – com a inauguração do complexo cultural Multipalco no início do ano – quanto com a parceria com a Cors no ambicioso programação de formação e difusão do gênero– apenas neste fim de semana, os participantes do Ópera em pauta terão a oportunidade de assistir a três espetáculos líricos em três diferentes espaços da cidade.

Na sequência aconteceu a primeira mesa de debates, intitulada “Programas de Ópera Estúdio brasileiros e formações técnicas para as artes cênicas”. O assunto foi mediado por André Cardoso e contou com a contribuição de Eiko Senda (Cors), Gabriela Munhoz (LAB Multipalco), Anna Patrícia Araújo (Academia de ópera do Theatro São Pedro de São Paulo SP) e Abel Rocha (Fábrica de Ópera, Unesp). 

A partir da experiência de cada um dos expositores, ficou claro que o trabalho dos ópera estúdios pretende proporcionar a experiência de palco para vencer a lacuna existente entre a formação acadêmica e a vida profissional. Um problema apontado, que gerou também valiosos comentários da plateia, foi o fato de que muitos alunos dos ópera estúdios ainda não estarem prontos, fazendo com que o trabalho, que deveria proporcionar a experiência de palco, se transforme em uma extensão do próprio trabalho de formação que deveria ter sido concluído nos cursos acadêmicos.

O dia terminou com uma apresentação da ópera Il Trionfo del Tempo e del Disinganno, de Händel, no Teatro Oficina Olga Reverbel do Multiplaco, realização da Cors, da Bach Society Brasil e da Plural Cia de Dança, com concepção e direção cênica de William Pereira, direção musical de Fernando Cordella e direção de dança de Maurício Miranda. Foi muito boa a performance do elenco solista, que contou com a soprano Carla Domingues, as mezzo sopranos Carol Braga e Cristine Guse e o tenor Roger Scarton.

A ótima encenação de William Pereira, que se utiliza de praticáveis que são deslocados para formar passarelas ou plataformas cênicas, contou com uma original movimentação de cantores e dançarinos, iluminação dramática e bonitos figurinos, e foi acompanhada por um pequeno conjunto instrumental em interpretação de época.