O Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresenta nesta sexta-feira, dia 6, uma produção do Pierrot lunaire, de Arnold Schoenberg, com a participação da soprano Eliane Coelho.
O vídeo, gravado em julho, será transmitido pelas redes sociais do teatro e fecha um tríptico dedicado a mulheres, que já teve obras de Haydn e Händel (leia mais aqui). A direção cênica é de Julianna Santos e a direção musical, de Priscila Bonfim.
Finalizado em 1912 por Schoenberg, Pierrot lunaire é inspirada em 21 poemas de Albert Giraud, estabelecendo diálogo entre a commedia dell’arte e a sensibilidade do início do século XX. E desde então segue com um desafio a classificações.
“Música ou teatro? Cabaré ou vanguarda? Canto ou fala? Evocação do passado ou indicação do futuro? Obra inclassificável, que faz de contradições aparentemente insolúveis sua razão de ser, Pierrot Lunaire, de Arnold Schoenberg, é uma experiência estética das mais estimulantes e desafiadoras”, escreve o crítico Irineu Franco Perpetuo em texto sobre a obra, publicado na edição de agosto da Revista CONCERTO.
Para Eliane Coelho, a dificuldade em classificar a obra é o que a torna tão fascinante.
“É uma mistura de tudo, e é interessante porque tem todos os elementos. Pierrot é versátil, cada um faz do seu jeito, descobre facetas diferentes. Essa mistura de canto e de fala... Eu sou um pouco anarquista. Não quero classificar, quero fazer. O estudo é um trabalho intelectual, mas na hora de interpretar é necessário deixar o rio correr, a emoção vir. Já não me preocupo com classificações. O importante é colorir esse texto. E há muitas formas de se fazer isso. Isso é uma maravilha. É música, teatro, canto, fala, é difícil, não é... Não, é sempre difícil”, diz ela em entrevista.
Schoenberg é um compositor importante na carreira da soprano, que já apresentou peças como o monodrama Erwartung. Ela não vê, no entanto, relação entre as obras.
“Nunca me passou pela cabeça estabelecer paralelos entre elas. O que me prendeu sempre em Erwartung é o monólogo de uma mulher escrito por outra mulher. E a capacidade de Schoenberg de captar esse feminino de uma forma incrível, genial. Erwartung é como um thriller, não sabemos o que aconteceu, quem é quem, é tudo bem estranho. E a música mostra uma paixão, uma força impressionante. Isso também há no Pierrot, mas em um contexto diferente, quase surreal, como quer o texto do Giraud.”
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