‘Eu não pensava tão longe quando era rapazola’, diz Antonio Meneses

por Luciana Medeiros 26/08/2022

O maior violoncelista brasileiro, Antonio Meneses, nasceu em Recife. Mas foi criado no Rio de Janeiro, onde viveu até a adolescência, quando partiu para estudar na Europa e ali se estabeleceu. Ele costuma dizer que seu temperamento foi moldado por essas mudanças, na necessidade de se adaptar repentinamente a um meio bem mais frio, no clima e nos hábitos pessoais. O genial Antonio, artista mundialmente reconhecido, homem cosmopolita, é uma pessoa reservada e também um brasileiro afetuoso.

Neste fim de semana, ele volta ao Rio de Janeiro pela primeira vez depois da pandemia de Covid-19 para duas apresentações na série Violoncelo em Foco da Sala Cecília Meireles. Ele faz dois programas diferentes e bastante raros nos palcos cariocas. Ao lado de nove músicos, distribuídos nos dois dias, apresenta, de Beethoven, a Serenata para violino, viola e violoncelo em ré maior, op. 8, o Septeto em mi bemol maior, op.20 (sábado) e o Trio em si bemol maior, op.11 (domingo), com acréscimo das Seis canções para violoncelo e piano de Brahms.

O espetáculo tem como subtítulo “Antonio Meneses e seus amigos”, numa referência subliminar ao caráter festivo: dia 23 de agosto, o intérprete completou 65 anos.

“Eu não pensava tão longe quando era rapazola, mas é a vida, e que bom”, conta, por telefone, de Belo Horizonte, onde apresentou o mesmo o programa. “Isso era para ter acontecido no ano Beethoven, mas a pandemia atrapalhou tudo.” É a quarta vinda do violoncelista ao Brasil depois do isolamento – e a primeira ao Rio de Janeiro. “Estive aqui com a Filarmônica de Minas Gerais e a Osesp.”

Obras dos dois programas têm pouquíssima frequência nos palcos brasileiros – em especial, o Septeto (“é uma pequena sinfonia – e fica difícil reunir músicos para essa performance”, diz Antonio) e as canções de Brahms (“são de diversos períodos da vida do compositor e, talvez, sejam primeiras audições no Brasil”). Essas canções estão no disco recente, gravado com o pianista e amigo de longa data Gérard Wyss. “E as peças de Beethoven são alegres, felizes.” 

O trabalho voltou ao habitual e intenso ritmo pré-pandemia, na Europa. E vem aí uma extensa turnê americana, já em outubro e novembro, passando por cidades como Nova York e Washington. “Em termos fonográficos, já existem alguns projetos encaminhados, como um disco em duo com Cristian Budu e algumas gravações só para o meio digital”, adianta.

Depois da passagem pelo Rio – é bom lembrar que a apresentação de sábado na Sala Cecília Meireles terá transmissão pelo Youtube da casa –, o violoncelista segue para Porto Alegre, para executor o concerto de Dvórak com a Ospa.

Em Belo Horizonte, teve bolo e parabéns no dia 23. Mas o concerto no Rio de Janeiro promete ter jeito de celebração.

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O violoncelista Antonio Meneses [Divulgação]
O violoncelista Antonio Meneses [Divulgação]

 

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