Festival Artes Vertentes realiza décima edição propondo diálogo entre as artes

por Redação CONCERTO 10/02/2022

Há dez anos, Tiradentes tem sediado um dos mais importantes eventos do calendário artístico brasileiro: o Festival Artes Vertentes. Os motivos para tanto são muitos: o diálogo da música com outras formas de manifestação artística; a curadoria inteligente e aberta a questões contemporâneas; e o desejo de provocar reflexões.

A décima edição do evento foi aberta oficialmente em novembro do ano passado, com um recital do diretor artístico do evento, o pianista Gustavo Carvalho, e do pianista Cristian Budu. E continua entre os dias 10 e 20 de fevereiro, tendo a água como tema.

“A água é muito importante e conta a nossa história, a passagem entre o reino da vida e da morte, do Velho ao Novo Mundo, território que permite infinita exploração, muitas vezes carregando em si a origem da vida e podendo penetrar os mais inóspitos territórios. Nós somos água”, explicou Carvalho em entrevista concedida no ano passado à jornalista Camila Fresca.

A programação musical tem como destaque a participação do pianista e compositor André Mehmari como residente, apresentando uma série de suas obras em diálogo com criações de outros autores, como Villa-Lobos – caso do concerto de abertura, que acontece na noite desta quinta-feira, dia 10. Já na próxima semana, suas Viagens de verão serão apresentadas ao lado do ciclo Winterreise, de Schubert, que será interpretado pelo baixo Savio Sperandio, com Carvalho ao piano. [Leia aqui entrevista com Mehmari]

Ainda na música, o festival conta com a participação de artistas como a soprano Eliane Coelho, os pianistas Cristian Budu e Jacob Katsnelson, a fagotista Catherine Carignan, o violinista Stepan Yakovitch, a flautista Cássia Lima, o oboísta Alexandre Barros e a cantora Monica Salmaso.

Nas artes plásticas, um dos destaques é a exposição “Brasil, Hy-Brasil”, de Eduardo Hargreaves, que reflete em sua obra sobre as relações entre o indivíduo e a paisagem em que se insere. “Hargreaves apresenta-nos lugares que não buscam desvelar a beleza natural ou lidar com as associações de significado e reconhecimento entre as construções humanas e naturais – relevos, árvores e rios. São lugares que não oferecem um belo horizonte; nem um nascer ou um pôr-do-sol”, explica Carvalho, que assina a curadoria da mostra. Também serão realizadas residências artísticas de Mari Mariel, Marilda Castanha, Nelson Cruz e Rick Rodrigues. 

“Desde o seu nascimento, o Festival Artes Vertentes se propõe a ser um grande fomentador também da arte contemporânea nas suas mais diversas linguagens. E esta história não termina aqui. São 10 anos de uma história contada por meio da arte e estreitamente ligada ao rico patrimônio da cidade mineira de Tiradentes. Além disso, os artistas residentes trabalharão com as crianças e adolescentes de Tiradentes, envolvendo ativamente a população tiradentina na sua programação. O resultado deste envolvimento será apresentado para o público na segunda etapa do festival”, explica Maria Vragova, diretora executiva do festival.

A escritora Maria Valeria Rezende, por sua vez, assina uma versão de O carnaval dos animais, de Saint-Saëns. Ela também participa de debate com Nêgo Bispo – o ciclo de conversas vai reunir ainda autores como Eliane Brum e Ailton Krenak, que vão falar da água como ponto de conflito no Brasil. E serão apresentadas criações inéditas de Ana Martins Marques, Guilherme Gontijo Flores e Prisca Agustoni.

Na literatura, haverá também lançamento do livro Arrastador, de Daniela Arbex, sobre a tragédia de Brumadinho, atingida pelo rompimento de uma barragem desativada da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela mineradora Vale. 

No cinema, serão exibidos filmes como A lenda do pianista do mar, de Giuseppe Tornatore, Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos, Os navios dos tempos passados, de Yuri Bogusslavski, e Morte em Veneza, de Lucchino Visconti.

Festival Artes Vertentes

 

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Agradeço à revista Concerto, a divulgação antecipada dos programas dos festivais de verão, o que permitiu que me organizasse para assistir a alguns deles. Infelizmente alguns foram cancelados por causa da pandemia, que também quis me cancelar, mas mesmo assim pude emendar o final do 1º Festival de Verão em Campos do Jordão, com o 10º festival Artes Vertentes, na linda cidade de Tiradentes. Mehmari e Salmaso em dose dupla e foi pouco.

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