O pianista e cravista Alessandro Santoro manteve-se ativo durante a paralisação provocada pela pandemia do coronavírus Covid-19. Ao longo dos últimos três meses, gravou e divulgou no Facebook mais de trinta vídeos em que interpreta compositores-chave do período barroco, sozinho ou acompanhado de parceiros como a flaustista Livia Lanfranchi e o violinista Luis Otávio Santos.
Nos últimos dias, no entanto, acrescentou à lista de interpretações peças para piano inéditas de seu pai, o compositor Claudio Santoro. Alessandro é o responsável pelo trabalho de catalogação de sua produção, tendo se aliado a instituições e músicos na busca por editar o material, que vem sendo redescoberto nos últimos anos.
E, nesse processo, tem encontrado peças até então inéditas.
É o caso, por exemplo, de Docemente, para piano a quatro mãos. No Facebook, o artista explica o contexto em que a peça surgiu. “Papai costumava visitar [o tenor] Aldo Baldin e sua família quando viajava para a Alemanha. Não foi diferente em sua última viagem, em 1988. Lá acabou escrevendo suas últimas duas obras: o Wanderers nachtlied, com poesia de Goethe e dedicada a Aldo, e este incrivelmente singelo Docemente, para piano a quatro mãos, a sua última obra, dedicada às filhas de Aldo e Irene Baldin”, conta. “A dedicatória diz: para Serena e Sofia do Vovô Claudio, Waldbronn, 7-2-1989.”
Outra peça redescoberta foi Canção. “Esta peça estava somente em um pedaço de papel manuscrito, nunca constou em nenhum catálogo dele, portanto inédita. Ele deveria achar que não era boa suficiente...Hoje, resolvi editar ela e quando a toquei pela primeira vez: como ele estava errado! É linda!! Ela foi escrita em Milão, no dia 26/12/58, na mesma época de um de seus mais famosos Prelúdios (o nº 6 da primeira série).”
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