Municipal vai apresentar seis óperas em cinco produções, incluindo a estreia de Isolda.Tristão, de Clarice Assad; além disso, Ópera Fora da Caixa terá mais quatro produções e haverá séries da OSM, do Coral Paulistano, do Balé da Cidade e do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo
Com rara e bem-vinda antecipação, o Complexo Theatro Municipal de São Paulo apresenta a sua programação de 2023. Baseada em conceitos do helenismo e da cultura indígena, a temporada foi elaborada por um comitê formado por Ailton Krenak, Ana Teixeira, Livio Tragtenberg, Preto Zezé, Priscila Santana e Sergio Casoy, em colaboração com as equipes do teatro. Segundo Andrea Caruso Saturnino, diretora-geral do Complexo Theatro Municipal, “nosso principal objetivo ao trabalhar com um comitê curatorial transdisciplinar é oxigenar a programação, trazendo questões relacionadas à atualidade paulistana, brasileira e latino-americana para nossos trabalhos, proporcionando uma arte potente e propositiva, refletindo sobre nossos desafios enquanto sociedade”.
A inspiração da temporada vem do conceito grego Enthusiasmós, junção das palavras en (em), théos (deus) e ousía (essência), ou seja, o “deus dentro”. Do guarani, o comitê motivou-se pelo termo Nhe’ẽ porã, que pode ser entendido como “belas palavras” ou o “bom espírito”.
Óperas
Serão encenadas um total de seis óperas no palco do Theatro Municipal, em cinco programas, incluindo a estreia de uma obra composta pela brasileira Clarice Assad com o título Isolda.Tristão. Todas as óperas serão regidas pelo maestro Roberto Minczuk, regente titular da casa.
O primeiro título a subir ao palco será Così fan tutte, de Mozart, uma das parcerias entre o compositor e o libretista Lorenzo Da Ponte, que marca um dos pontos mais altos da história da ópera. A produção será assinada pela diretora Julianna Santos e terá récitas nos dias 24, 25, 26, 28, 29 e 31 de março e 1º de abril.
O guarani, de Carlos Gomes, vem em seguida, com récitas nos dias 12, 13, 14, 16, 17, 19 e 20 de maio. A obra foi a primeira escrita pelo compositor após sua chegada na Itália, onde estudou com bolsa do império brasileiro. É baseada em romance de José de Alencar e fez parte de um momento em que se buscava a criação de uma ópera nacional. A montagem terá direção cênica dos irmãos colombianos Heidi Abderhalden e Rolf Abderhalden, em coprodução com o Teatro Mayor, de Bogotá.
Anteriormente prevista para 2022 e adiada, La fanciulla del West, de Puccini, será encenada por Carla Camurati e terá récitas nos dias 14, 15, 16, 18, 19, 21 e 22 de julho. Estreada em 1910 no Metropolitan de Nova York, a peça é baseada em The Girl of the Golden West, texto de David Belasco, autor que também serviu de inspiração para outra ópera do compositor, Madama Butterfly.
A partir de 15 de setembro, será realizada a dobradinha Isolda.Tristão, de Clarice Assad, e Ainadamar, de Osvaldo Golijov. Isolda.Tristão é uma ópera comissionada pelo Theatro Municipal, com libreto de Marcia Zanelatto, e terá direção cênica de Guilherme Leme. Já Ainadamar será uma remontagem da produção apresentada em 2015 e terá direção cênica de Ronaldo Zero.
A temporada lírica se encerra com O navio fantasma, de Richard Wagner, com direção de Caetano Vilela. Uma das grandes obras do compositor, a ópera pertence à primeira fase de sua carreira, quando escreveu ainda Lohengrin e Tannhäuser. A montagem será apresentada nos dias 17, 19, 21, 23, 25, 27 e 29 de novembro.
Além das montagens no palco, terá continuidade a série Óperas Fora da Caixa, com quatro títulos: Primavera, de Maurício de Bonis, com libreto de Maurício De Bonis e Luiz Eduardo Frin (fruto de edital de projetos artísticos externos); A noiva do mar, da compositora brasileira Lycia de Biase Bidart (1910 - 1991), com direção cênica de Jaoa de Mello; Blue Monday de George Gershwin, com o Coral Paulistano; e De hoje para amanhã, de Arnold Schönberg, com direção cênica de Alvise Camozzi.
Outros programas
A Orquestra Sinfônica Municipal terá 12 concertos em 2023. Abrindo a temporada, em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, será apresentada a Carmina Burana, do Carl Orff, e o Maracatu de Chico Rei, de Francisco Mignone.
Nos dias 3 e 4 de março, a OSM interpreta a Sexta sinfonia de Mahler e o Concerto para piano nº 2 de Prokofiev e, nos dias 7 e 8 de abril, com o Coral Paulistano e sob regência de Maíra Ferreira, a Paixão segundo São João, de Arvo Pärt.
Nos dias 14 e 15 de abril, o destaque é a Sinfonia Alpina de Richard Strauss, em programa que terá obras também de Wagner, Ligeti e Rachmaninoff, sob a regência do maestro Roberto Minczuk. Em 26 e 27 de maio, o programa terá Samuel Barber e nos dias 16 e 17 de junho, a orquestra celebra os 150 anos do nascimento de Rachmaninoff.
Agosto terá um programa especial com Mysteries of The Macabre, de György Ligeti, a obra eletroacústica Hyperprism, do Edgar Varèse, e a obra Who Cares If She Cries, de Jocy de Oliveira.
Abrindo espaço para a criação musical de nossos dias, o teatro encomendou a obra Rapsódia para novos tempos, assinada coletivamente por Marco Scarassatti, Michelle Agnes Magalhães e Rubens Russomanno Ricciardi. Com direção artística de Livio Tragtenberg, cada compositor deverá elaborar uma peça de até 15 minutos de duração. O concerto acontecerá nos dias 29 e 30 de setembro.
Antes, nos dias 11 e 12 de agosto, a OSM com coro e solistas apresenta Tosca, de Puccini, em forma de concerto. E nos dias 8 e 9 de dezembro, com um Tributo a Maria Callas que terá trechos de Carmen, de Bizet, La Traviata, de Verdi, e Norma, de Bellini, dentre outras, a Orquestra Sinfônica Municipal encerra a temporada.
O Coral Paulistano, que tem regência de Maíra Ferreira, fará 16 apresentações dentro do teatro e 12 apresentações externas. Destaques são a Misa Criolla de Ariel Ramírez e a apresentação da Missa Afro-Brasileira em homenagem aos 90 anos de nascimento do maestro e compositor Carlos Alberto Pinto Fonseca.
O Coro Lírico Municipal, além de participar das óperas, fará também, com a Orquestra Sinfônica Municipal, o Réquiem de Verdi (dias 6 e 7 de outubro), com a regência do maestro Alessandro Sangiorgi.
A programação do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo inclui a integral dos quartetos de Ludwig van Beethoven, bem como outros repertórios da música brasileira e latina.
O Balé da Cidade de São Paulo fará três espetáculos ao longo do ano: De 2 a 10 de fevereiro, o grupo apresenta as coreografias Motriz, de Cassi Abranches, com trilha do Baiana System, e Fôlego, de Rafaela Sahyoun, com trilha sonora de Joaquim Tomé; no segundo espetáculo, a Companhia apresentará Inacabada, de Ihsan Rustem, inspirada na Inacabada de Schubert, e Balcão do amor, dança do israelense Itzik Galili (a trilha será executada ao vivo pela OSM, sob a regência de Alessandro Sangiorgi); no último programa, o Balé da Cidade apresenta a coreografia Sixty-Eight em Axys Atlas, de Alejandro Ahmed, uma homenagem à obra Sixty-Eight, de John Cage, com trilha sonora especialmente concebida pelo grupo musical experimental O Grivo. Além disso, o Balé da Cidade de São Paulo também lançará dois editais para novas produções.
Assinaturas
Em breve serão anunciadas as datas para as vendas de assinaturas. A novidade neste ano é que, além de assinaturas para a temporada lírica e para os concertos sinfônicos, haverá também assinaturas para as séries do Quarteto de Cordas da e do Balé da Cidade.
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