Compositora mexicana Gabriela Ortiz é principal vencedora das categorias de música clássica do Grammy

A compositora mexicana Gabriela Ortiz foi a principal vencedora nas categorias de música clássica do prêmio Grammy, o mais importante da indústria fonográfica norte-americana, entregue na noite de domingo, dia 2 de fevereiro, em Los Angeles. Ela, que atualmente é artista em residência do Carnegie Hall, em Nova York, foi premiada em três categorias.

A melhor gravação orquestral do ano foi a de sua obra Revolución Diamantina, feita pela Filarmônica de Los Angeles sob a regência de Gustavo Dudamel. A peça também foi eleita a melhor composição do ano e o disco ficou ainda com o prêmio de Compêndio Clássico.

Revolución diamantina é um balé inspirado no levante feminista no México em 2019 em torno da epidemia de violência contra as mulheres no país. O aumento do feminicídio foi um catalisador para esta mobilização – e o nome da peça deriva de um evento durante o qual os manifestantes atiraram purpurinacor-de-rosa no chefe da polícia da Cidade do México, denunciando a falta de resposta do departamento após a violação de uma mulher por agentes locais.

“A música de Gabriela Ortiz fala ao corpo e ao espírito, cheia de ritmos viscerais primitivos e mundos sonoros misteriosos e cheios de alma”, disse o maestro Gustavo Dudamel.

Na categoria orquestral, o disco com obras de Ortiz concorria com registros de obras de John Adams (com Marin Alsop e a Sinfônica da Rádio de Viena), Kodály (com a Filarmônica de Buffalo e JoAnn Falletta), Sibelius (Filarmônica de Helsinski/Susanna Mälkki) e Stravinsky (Sinfônica de São Francisco e Esa-Pekka Salonen).

Entre os compêndios, os demais concorrentes eram os álbuns Longing, de Andy Akiho; American Counterpoints, Foss e Mythologies II. As outras concorrentes entre as composições eram Seven for Solo Cello, de Andrea Casarrubios; Revelry, de Valerie Coleman; Composition as Explanation, de David Lang; e a ópera Adriana Mater, de Kaija Saariaho. 

Adriana Mater venceu na categoria Gravação de Ópera, em registro feito pela Orquestra Sinfônica de São Francisco, comandada por Salonen. Concorriam as gravações de Girls of the Golden West, de John Adams (Filarmônica de Los Angeles); Florencia en el Amazonas, de Daniel Catán, e The Hours, de Kevin Puts, ambas em registros do Metropolitan de Nova York; e The Shining, de Paul Moravec.

A melhor Gravação instrumental solo do ano foi a das Variações Goldberg, de Bach, pelo pianista Vikingur Ólafsson, que as interpretou na Sala São Paulo em 2024 (leia a crítica do recital publicada no Site CONCERTO). Ao seu lado concorriam o percussionista Andy Akiho (Longing), o violoncelista Seth Parker Woods (The Holy Presence of Joan D’Arc); o violonista Mak Grgić (Entourer) e o violinista Curtis Stewart (Perry).

O disco em que a soprano Karen Slack e a pianista Michelle Cann interpretam canções de Florence Price (Beyond the Years) foi escolhido o melhor na categoria Gravação vocal solo. Concorriam também Bespoke Songs (coletânea da  soprano Fotina Naumenko); A Change Is Gonna Come, do tenor Nicholas Phan; Show me the Way, do barítono Will Liverman; e Wesendonck Lieder, da mezzo soprano Joyce DiDonato.

A melhor performance coral foi Ochre, do coro norte-americano The Crossing, regido por Donald Nally; ao seu lado concorriam o Skylark Vocal Ensemble (Clear Voices In The Dark); True Concord Voices (A Dream So Bright: Choral Music Of Jake Runestad); Apollo's Singers (Handel: Israel in Egypt); e The Choir Of Trinity Wall Street, Downtown Voices & Trinity Youth Chorus (Sheehan: Akathist). 

Por fim, na categoria Música de Câmara,  a compositora Caroline Shaw e o grupo Sō Percussion venceram pelo disco Rectangles and Circumstance, levando a melhor sobre o JACK Quartet (Adams, J.L.: Waves & Particles); Yo-Yo Ma, Leonidas Kavakos e Emanuel Ax (Beethoven For Three);  Lorelei Ensemble (Cerrone: Beaufort Scales); e o Quarteto Miró (Home).

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