Compositoras em foco: Amy Beach e a ‘Sinfonia Gaélica’

Compositoras em foco: o Site CONCERTO inaugura esta semana, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, uma nova série, dedicada a apresentar importantes compositoras do passado e do presente e algumas de suas obras mais marcantes

Amy Beach nasceu no dia 5 de setembro de 1867 em Henniker, New Hampshire, nos Estados Unidos. Desde a infância, demonstrou habilidade para a música. Seu talento precoce no piano chamou a atenção de professores e, aos 16 anos, ela estreou como pianista com a Sinfônica de Boston, tocando o Concerto para piano nº 1, op. 11, de Chopin. A essa altura, no entanto, a composição já se colocava para ela como uma possibilidade.

Em 1885, ela se casou com o médico Henry Harris Aubrey Beach, que, ao contrário da história de tantas mulheres, a incentivou a continuar sua carreira musical. Foi então que Beach começou a compor de maneira sistemática e, em 1896, ela estreou sua Sinfonia Gaélica.

A peça foi composta como resposta a uma provocação do compositor Antonin Dvorák, que dizia aos jovens autores americanos que deveriam explorar suas raízes musicais para escrever uma sinfonia. Dvorák tinha em mente as culturas indígenas e africanas, mas Beach resolveu se inspirar na música da enorme comunidade irlandesa de Boston.

A sinfonia, assim, incorpora elementos da música celta e da tradição gaélica. Beach funde temas líricos emotivos e os trabalha a partir de uma rica orquestração, criando uma paisagem sonora que evoca acima de tudo um caráter nostálgico.

O primeiro movimento introduz a atmosfera melódica da peça, enquanto o segundo desenvolve temas de corte lírico. O terceiro movimento destaca-se pela intensidade dramática, enquanto o quarto encerra a sinfonia em uma chave triunfante.

Ao longo dos anos, a peça tem conquistado reconhecimento renovado, destacando-se como uma contribuição significativa para o repertório sinfônico americano e também como ponto de referência a partir do qual a obra de Beach vem sendo avaliada e recuperada.

Um processo que não precisa parar na sinfonia. Beach produziu uma ampla variedade de obras, desde peças para piano, com destaque especial para o seu Concerto, até música de câmara e canções. E a variedade diz respeito também à mistura de influências que se traduzem em sua criação, que flerta com o passado romântico ao mesmo tempo em que incorpora elementos impressionistas.

Em 1925, Beach foi uma das fundadoras da Sociedade de Compositoras Americanas, destacando seu compromisso em promover o trabalho de colegas. Beach morreu em 1944, deixando um legado duradouro como uma pioneira e inspiração para as gerações subsequentes de compositoras.

Roteiro Musical
A Sinfonia Gaélica, de Amy Beach, será interpretada pela Orquestra Sinfônica do Espírito Santo nos dias 5 e 6 de março, sob regência de Sarah Higino (veja mais detalhes no Roteiro Musical do Site CONCERTO)