A compositora sueca Malin Bang nasceu em julho de 1974 na Suécia, onde fez seus primeiros estudos de piano, a partir dos seis anos de idade. Àquela altura, ainda na escola, ela já via a música como o caminho a ser seguido em sua vida.
“A vontade de escrever a minha própria música surgiu muito cedo e gradualmente. Eu gostava de tocar piano. Na escola, com os amigos, gostávamos de organizar espetáculos que combinassem música e teatro. Acredito que a alegria de criar nasceu dessas performances”, contou ela em entrevista ao site Hemisphereson.
“Mais tarde, ainda adolescente, me abri para diferentes estilos de música de palco: jams, ópera, musicais... Fiquei muito impressionada com todas essas abordagens e queria muito ir nessa direção, mas, para fazer isso, tive que aprender composição primeiro! Comecei a compor de forma mais consciente no ensino médio. Na verdade, desde os dezesseis anos não parei de escrever música.”
Sua trajetória musical vem sendo marcada pelo interesse e curiosidade a respeito da criação musical contemporânea. Ela fundou em Estocolmo o Curious Chamber Players, coletivo de criação que une músicos, compositores e artistas de diferentes áreas para experimentar composições e criar, em conjunto, novas obras.
Professora da Universidade de Gotemburgo, ela também dá aulas nos cursos livres de Darmstadt, na Akademie der Künste de Berlim e na Academia Real Sueca de Música. Suas produção tem o teatro musical como foco importante, mas ela também tem peças de câmara e orquestrais estreadas por diferentes grupos europeus.
Sua música, ela explica na mesma entrevista, trabalha com a ideia de presença e ausência de fricção. “A forma como organizo os meus materiais sonoros está muitas vezes relacionada com a presença ou ausência de fricção, e o espectro é amplo: pode ir desde o ar que sai dos nossos lábios (sem fricção nestes sons) até sons que contêm muita fricção e exigem muita força física. Estas são energias muito diferentes. Quando você tem que cantar uma nota alta, por exemplo, exige muita energia, muita fricção.”
Ela continua: “Também gosto da relação clássica entre tensão e relaxamento dentro de uma obra, mas a desloco, porque não são as alturas que me interessam. Durante meus estudos, tentei imaginar progressões harmônicas que trouxessem esse tipo de tensão, mas na realidade percebi que não ouço música dessa forma. Achei libertador usar os sons por si próprios e por seu movimento físico: estou interessada em como o som evolui e como posso sugerir esse movimento na minha música. Procuro sons que tenham qualidades elásticas, que possam parecer pianíssimo no início, apenas para se desenvolverem e conterem muita energia no momento certo".
Entre suas óperas, a mais recente, estreada em 2023, é Eu, vulcânica, em que ela e a libretista Mara Lee reescrevem a história de O castelo do Barba Azul, de Bartók, do ponto de vista da personagem-título. Em sua versão, Judith não quer mais abrir as portas do castelo, quer destrancar as suas próprias. Viajando ao subconsciente, ela encontra seus medos e desejos e a ópera revela “a subjetividade dessa personagem que viveu à sombra, na escuridão do marido”.
Roteiro Musical
A ópera Eu, vulcânica, será apresentada pelo Theatro Municipal de São Paulo em dobradinha com a ópera de Bartók, sob regência do maestro Roberto Minczuk. Leia mais sobre as apresentações no Roteiro Musical do Site CONCERTO.
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