O violinista Emmanuele Baldini havia acabado de chegar ao Brasil quando conheceu a Sonata de Leopoldo Miguez. “Escutei a gravação de Paulo Bosísio e Lilian Barreto e me apaixonei”, ele conta. “Na hora pensei: como é que ninguém toca isso ao vivo? É uma obra extraordinária, a mais importante sonata romântica brasileira.”
Um pouco mais tarde, o encantamento viraria gravação quando ele se uniu à pianista Karin Fernandes para um projeto de música brasileira. Com a sonata no repertório, faltava completar o álbum. E então Glauco Velásquez apareceu à sua frente. “Recebi uns manuscritos de um colecionador de Brasília e lá estavam as duas sonatas do Velásquez. Comecei a ler as peças e me dei conta de como eram peculiares. Embora românticas, eram muito diferentes da linguagem de Miguez.”
Ganhou forma, assim, o disco que Baldini e Fernandes lançaram em 2015 e, agora, relançam pelo selo Naxos, dentro da série Música do Brasil – os dois fazem recital de lançamento nesta quinta-feira, dia 10, na Sala São Paulo, na série Encontros Clássicos.
O álbum é um dos principais testemunhos de uma tentativa recente de resgate da música romântica brasileira, por dois grandes intérpretes. “Baldini e Karin abraçam esse repertório com carinho e convicção, interpretando as obras com meticulosidade, senso de estilo e solidez técnica, dando uma lição de como o Brasil deve valorizar e preservar suas melhores riquezas, em tempos de devastação e desvario”, escreveu o jornalista Irineu Franco Perpetuo sobre o disco em crítica publicada no Site CONCERTO.
Como diz Perpetuo, Miguez pertence a um momento em que autores brasileiros buscavam romper com a herança operística italiana, de olho nas novidades vindas da França e da Alemanha. Da mesma forma, a música de Velasquez carrega matizes simbolistas em sua poética afrancesada.
Mas o momento se traduz de maneiras diferentes nos autores. “Para mim, enquanto o jovem Velasquez experimentava, compondo uma música quase improvisada com caminhos harmônicos muitas vezes inusitados, Miguez, talvez até por ser um pouco mais velho, já detinha total domínio e noção do que realmente queria fazer em termos de composição”, diz Karin Fernandes. “Mas as três sonatas são maravilhosas, cada uma com sua beleza.”
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Crítica Emmanuele Baldini e Karin Fernandes fazem Brasil brilhar na Naxos