Concerto na Sala Cecília Meireles será presencial e terá transmissão pelo YouTube
Fevereiro de 2012. Queimadas, interior da Paraíba. Oferecida como “presente” em uma festa de aniversário apenas com homens como convidados, a professora Isabela Pajuçara, de 27 anos, foi estuprada e assassinada.
Fevereiro de 2017. Em uma pequena aldeia da Nicarágua, Vilma Trujillo, de 25 anos, foi amarrada em uma árvore e queimada viva por evangélicos fundamentalistas que queriam “expulsar o demônio” de seu corpo.
Julho de 2017. Mayara Amaral, jovem violonista de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, foi assassinada a marteladas pelo namorado após uma discussão. Aos 27 anos, teve seu corpo carbonizado.
Foi inspirado nessas três histórias de violência contra mulheres que o compositor Eli-Eri Moura começou a trabalhar em um ciclo de canções batizado de Passionis de flamma. A obra foi escrita para a soprano Gabriella Pace, que a apresenta esta semana, no dia 17, em recital ao lado da pianista Katia Baloussier, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, com público (atendendo a todas as medidas de segurança sanitária) e com transmissão ao vivo pela internet.
Moura define o ciclo como a união de três “minipaixões”.
“Em cada uma delas, a primeira canção exaltaria as virtudes da Mulher; na segunda, a Mulher seria acusada e julgada segundo óticas machistas; na terceira, ocorreria seu tormento-imolação, com a evocação dos feminicídios que citei; e, na quarta canção, haveria sua redenção simbólica, por conta de seu papel como Maria-Mãe, como Artista etc”, explicou o compositor em entrevista ao jornalista Irineu Franco Perpetuo, publicada na edição de abril da Revista CONCERTO (leia aqui; acesso exclusivo para assinantes).
“Associei também a essa Mulher diversos significados de um fogo ambíguo/simbólico – desde o fogo acolhedor, que aquece e ilumina, ao fogo aterrador, que consome, destrói e “purifica”, a depender de contextos e circunstâncias determinados por sua contraparte masculina. Daí o título Passionis de flamma, literalmente Paixão das chamas, em latim. Com esse arcabouço em mente, fiz uma extensa pesquisa em textos em português. O resultado foi a formação de uma grande colagem de poetas, como Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa, Euclides da Cunha, Augusto dos Anjos, Camões, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. Também incorporei notícias da internet e textos clássicos, além de manuscritos latinos da Hildegard von Bingen.”
O programa do recital traz ainda uma seleção de canções de Schubert.
Clique aqui e veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO.
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