José Staneck celebra 35 anos de carreira e participações em CDs

por Luciana Medeiros 01/11/2019

O som inconfundível da harmônica, ou gaita de boca, é frequentemente ouvido na música popular americana – no blues, no folk, no jazz e no rock n’roll – e também na MPB. Instrumento de sopro que exige técnica apurada e fôlego considerável, teve no Brasil figuras de proa no gaúcho Eduardo Nadruz, ou Edu da Gaita (1916–1982), em Mauricio Einhorn e, mais recentemente, José Staneck. 

Staneck festeja nessa sexta, dia 1°, seus 35 anos de carreira e o lançamento simultâneo de 3 CDs em que atua como solista, com um concerto na Sala Cecilia Meireles à frente de um quarteto de amigos. No programa, a maioria das peças é de compositores brasileiros, ou quase isso, se considerarmos Koellreutter um brasileiro honorário. Ele interpreta também Adiós, Nonino de Piazzolla e Toledo, do saxofonista americano James Moody. São, todas, obras originalmente dedicadas ao instrumento ou transcrições originais para a gaita solista.

“Dentro da música de concerto, a gaita é um caminho a ser explorado”, diz ele ao Site CONCERTO. “Edu da Gaita foi um grande mestre, assim como Aluisio Rocha em Belo Horizonte, para quem Radamés Gnattali escreveu o Concerto nº 2 para harmônica e orquestra.” 

A gaita entrou na vida de Staneck num rompante de paixão: Mauricio Einhorn e o belga Toots Thielemans se apresentavam juntos em São Paulo e o garoto estava na plateia. “Eu tinha 18 anos e aquilo me encantou. Comecei a estudar música e virei profissional em pouquíssimo tempo. Mas só mais tarde fui me encontrar na música de concerto.”

Foi assim o encontro com a peça de Villa-Lobos, o Concerto para gaita e orquestra, que  Staneck já tocou mais de 40 vezes, no Brasil e pelo mundo. Hoje, ele toca a Fantasia do compositor e, entre os autores da atualidade, estão Edino Krieger, Luiz Avellar e André Mehmari. “Acho importante, além de tocar meu instrumento, ampliar o repertório encomendando peças.”

Dos três CDs em lançamento em que aparece como solista: um traz a música de Radamés Gnattalli (“gravada no início do ano com a Orquestra Jovem argentina, em Córdoba; foi espetacular mostrar a eles a música brasileira nesse projeto binacional”, diz); o segundo, dedicado a peças de André Mehmari, Música para cordas, do Selo SESC (“André  compôs para harmônica e cordas e me chamou para solar”); e o terceiro sai agora pelo selo Naxos, com a Osesp (“Tive a grande honra de gravar em 2017 o concerto de Villa-Lobos com a orquestra”). 

Além da atividade nos palcos e estúdios, José Staneck segue na seara educativa, dedicado ao projeto Orquestra nas Escolas, que atinge 11 mil estudantes em 52 escolas do município do Rio. “Tenho a mais profunda certeza de que esse é um fantástico caminho para a felicidade e cidadania. Já estive duas vezes na Venezuela, tocando com a orquestra Simon Bolívar, e ao longo da vida participei de diversas iniciativas do gênero. Acredito realmente que a música tem esse poder.”

Clique aqui e veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO

José Staneck com os discos que acaba de lançar [DIVULGAÇÃO/FERNANDA STANECK]
José Staneck com os discos que acaba de lançar [Divulgação / Sofia Staneck]

 

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