Osesp interpreta e grava ‘Sinfonia dos Orixás’ de Almeida Prado

por Redação CONCERTO 08/02/2022

O compositor Almeida Prado faria aniversário neste dia 8 de fevereiro. Completaria 79 anos. E, na mesma semana, uma importante homenagem vem sendo gestada. Desde ontem, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo está às voltas com sua Sinfonia nº 2 – Dos Orixás. Ela será apresentada na quinta e na sexta na Sala São Paulo e, até o início da próxima semana, gravada para o selo Naxos.

Os concertos serão regidos pelo maestro britânico Neil Thomson, diretor da Filarmônica de Goiás e um dos principais convidados da Osesp, que tem regido com regularidade na Sala São Paulo. As apresentações integram a série Concertos populares e antecedem a abertura da temporada da orquestra, marcada para o início de março.

Almeida Prado escreveu a Sinfonia nº 2 – Dos Orixás, entre 1985 e 1986, e a peça foi estreada em 1987, para comemorar os dez anos da Sinfônica de Campinas.

A obra está dividida em dezessete partes, nas quais são ouvidos quinze cantos dos orixás, além de dois interlúdios. Segundo Carlos Fiorini, que estudou a fundo a obra na Academia, “apesar das divisões, a música transcorre sem interrupção”. “A visão de Almeida Prado sobre os Orixás é carregada de sincretismo religioso com o catolicismo, religião da qual era adepto. Para cada Orixá ele fazia referência a um santo católico. O compositor, deixou de incluir na obra o Exu, pois, segundo a crença católica, este representaria o diabo. No entanto, para a crença iorubana, a invocação do Exu é fundamental para cada rito, pois é ele quem faz a ligação entre os homens e os orixás”, escreve em texto de 2013 em disco dedicado pela Osesp ao compositor em sua série digital – na ocasião, o grupo gravou a suíte criada pelo maestro Carlos Moreno a partir da sinfonia.

Durante os ensaios para a estreia, no entanto, os percussionistas da orquestra convenceram o compositor a incluir a presença de Exu na partitura.

Segundo o próprio compositor, a sinfonia é simbólica de sua relação com a crença religiosa, como afirmou em uma entrevista concedida no início dos anos 2000.

“O afro-brasileiro não foi uma experiência mística, mas estética. Não tenho interesse nessas religiões enquanto atos de fé. Acho muito bonito o ritual do Candomblé, as roupas, os temas, o obsessional, os tambores, a ligação com a terra, muito primitiva. Tudo isso me encantou quando compus a Sinfonia dos Orixás. Respeito quem crê em qualquer religião. A divindade de Jesus está em cada religião. Se Deus está em tudo, o Espírito Santo também age no Candomblé – para quem crê. No que se refere ao respeito a todas as religiões, sou ecumênico”, afirmou.

Nascido em Santos em 1943, Almeida Prado estudou com Dinorah de Carvalho, Osvaldo Lacerda e Camargo Guarnieri. Após vencer o Festival da Guanabara em 1969, mudou-se para a Europa onde estudou com Olivier Messiaen e Nadia Boulanger. O compositor retornou ao Brasil em 1974, tornando-se professor da Unicamp e um dos principais autores brasileiros do século XX.

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Osesp em ensaio com o maestro Neil Thomson em 2019 [Divulgação]
Osesp em ensaio com o maestro Neil Thomson em 2019 [Divulgação]

 

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