O pianista inglês Benjamin Grosvenor é conhecido não apenas pela qualidade de suas interpretações, que fazem dele um dos grandes nomes atuais do piano internacional. Em seus discos e recitais, há sempre um corpo de ideias a revelar seu pensamento musical. E não será diferente nos recitais que ele faz na Sala São Paulo nos dias 22 e 23, parte da temporada internacional da Cultura Artística.
Ele começa com a Chacona da Partita para violino solo nº 2, de Bach, em transcrição de Ferrucio Busoni. Transcrições são uma forma de homenagem aos autores originais, cujas obras, em outros instrumentos e formações, são reveladas a partir de novas luzes. E é também uma homenagem a que se propôs Maurice Ravel ao escrever Le tombeau de Couperin.
Uma homenagem dupla, na verdade. A princípio, a ideia era celebrar a música do compositor François Couperin. Mas Ravel, após os horrores da Primeira Guerra, também dedicou cada uma das seis suítes a um amigo morto no conflito.
Franz Liszt notabilizou-se por transcrições de diferentes obras, mas no programa dos recitais, Grosvenor opta por interpretar sua Sonata S. 178, uma das grandes obras do repertório romântico, de enorme complexidade – a obra consta do disco mais recente do pianista, lançado no ano passado pelo selo Decca e dedicado exclusivamente a Liszt.
E, no que diz respeito a grandes marcos do repertório para piano, encerra os recitais com a Sonata para piano op. 7, de Prokofiev. Ela integra o que se convencionou chamar de “sonatas da guerra”. Foi escrita em 1939, após o desaparecimento do diretor teatral Vsevolod Meyerhold, vítima do regime stalinista.
A perda do amigo marcou o compositor que, logo depois, recebeu a encomenda de uma peça para celebrar o aniversário de Stalin, o que foi obrigado a fazer. Para seus biógrafos, as sonatas da guerra, carregadas de dissonância, seriam uma forma de demonstrar por meio da música as angústias daquele período. Uma homenagem a amigos desaparecidos e uma forma de revelar seus sentimentos mais íntimos.
Grosvenor também se apresenta, no dia 24, quinta-feira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na série Dellarte de concertos internacionais.
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