Retrospectiva 2019: Fábio Cury

Depoimento colhido na primeira quinzena de dezembro de 2019
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“Os últimos anos têm sido difíceis para a música erudita e para as artes de maneira geral. Infelizmente a história da música está cheia desses momentos adversos. É lamentável, contudo, que, a essa altura, tenhamos de viver um ciclo sombrio, marcado não somente pela falta de recursos materiais, mas, sobretudo, pela falta de apreço a nossa cultura e às manifestações artísticas. Diante desse cenário, a Universidade de São Paulo tem cumprido sua missão. A Osusp fomenta a formação de público, intensifica as atividades didáticas e democratiza o acesso à música clássica. Os dados dos últimos anos mostram notável aumento no número de apresentações e no público atingido. A orquestra assumiu de fato seu perfil acadêmico, interagiu de forma mais intensa com o departamento de música, com a atividade pedagógica e a pesquisa. Apresentou uma temporada diferenciada e de altíssimo nível, trazendo artistas brasileiros e estrangeiros de excelente gabarito, com um repertório que mesclou os cânones com muita música brasileira e contemporânea. Foram várias estreias brasileiras e mundiais. Para mim, pessoalmente, o ano foi desafiador por ter de conciliar a atividade de gestor com a de artista e docente. Isso me fez encerrar 2019 totalmente extenuado, mas feliz por algumas realizações significativas também enquanto intérprete: a regravação de Concerto para fagote, harpa e cordas de André Mehmari; o registro nos Estados Unidos de Duo sonata de Sofia Gubaidulina com o fagotista Saxton Rose; e a participação em eventos na Argentina, no Uruguai, nos Estados Unidos e no Brasil. A temporada de 2020 da Osusp já está de pé e terá muita coisa interessante. Confiram e tenham um ótimo ano!”

Fábio Cury, fagotista e diretor da Orquestra Sinfônica da USP