Depoimento colhido na primeira quinzena de dezembro de 2019
“O Rio de Janeiro da música de concerto não foi diferente do Rio de Janeiro da educação, da saúde, do turismo. Com seus principais espaços ligados ao governo do estado, a política cultural teve solavancos financeiros e institucionais violentos. Com a chegada de Ruan Lira à Secretaria de Estado de Cultura, Theatro Municipal e Sala Cecília Meireles ficaram sob o comando de Aldo Mussi, com André Heller-Lopes na direção artística. Em setembro, a Sala, que teve sua programação descaracterizada, voltou às mãos competentes de João Guilherme Ripper. Ruan Lira deixou o cargo em dezembro – novas mudanças virão? A ver. O Theatro, a bem dizer, conseguiu fazer milagres para driblar a falta de verba. A programação incluiu óperas, balés e a série Grandes Vozes. Não chega a ser uma temporada em seu sentido mais conceitual, mas o palco não ficou vazio. A Dell’Arte fez sua série com as atrações do nível habitual. Das orquestras, nenhuma notícia alvissareira. A OSB emagreceu um tanto; a Petrobras Sinfônica se destacou mais pelas versões sinfônicas de MPB e de rock; a Sinfônica Nacional da UFF resistiu à desidratação da verba das universidades; Daniel Guedes vem dando novas cores ao projeto de Barra Mansa. Entre as iniciativas, digamos, mais independentes, louvem-se a persistência da Johann Sebastian Rio, do encontro de cravos de Marcelo Fagerlande, Rosana Lanzelotte com seu Baroque in Rio, o Prelúdio 21. No casamento da ópera com o cinema, dois destaques: o sucesso do Ópera na Tela e a realização de Jocy de Oliveira, arrebatando prêmios em Festivais no exterior com Liquid Voices. Para terminar, o lamento pelo acidente que tirou Nelson Freire do piano por alguns meses e os parabéns a Ricardo Tacuchian pelos 80 anos e à Rádio MEC pela resistência.”
Luciana Medeiros, jornalista