Depoimento colhido na primeira quinzena de dezembro de 2019
“Vivemos um novo momento – o século XXI espera que a ópera e a música de concerto mudem sua relação com o público. É necessário nos desapegarmos dos formatos e caminhos do século XX para criarmos um novo universo musical, que dialogue com a sociedade de nossos dias. E é isso que a temporada 2019 de concertos e óperas da Orquestra Acadêmica de São Paulo no Teatro Bradesco realizou, com os olhos para o futuro: uma nova linguagem de comunicação com o público, criação de canais de participação comunitária através do canto coral e parcerias com grandes nomes da vanguarda das artes cênicas da cidade, como o diretor Rodolfo García Vázquez. Ele traz consigo a pesquisa da nova linguagem teatral do século XXI, realizada pela Companhia Os Satyros, juntamente com outros gigantes das artes cênicas, como o iluminador Guilherme Bonfanti, o cenógrafo J. C. Serroni e o cenotécnico Jorge Ferreira. Todos engajados na SP Escola de Teatro, grande formadora da nova geração de profissionais das artes do palco, de onde procede grande parte da jovem equipe técnica que atua em nossas montagens, como as figurinistas Bia Pieratti e Carol Reissman. Com a força da Associação Coral da Cidade de São Paulo, a dimensão colaborativa de nossas produções independentes das óperas A flauta mágica e La bohème indica que só a união, a paixão e a criatividade são capazes de superar as dificuldades de financiamento dos espetáculos operísticos, cada vez mais escassos em meio a uma sociedade sedenta da grande arte, único caminho de resistência aos avanços da estandardização da indústria da cultura e dos constantes saques que a cultura e as artes de nosso país sofrem nos dias atuais.”
Luciano Camargo, regente da Orquestra Acadêmica de São Paulo