Depoimento colhido na primeira quinzena de dezembro de 2019
“Em 2019 o Instituto Baía dos Vermelhos não alcançou o necessário grau de sustentabilidade de suas atividades. É, portanto, o objetivo a ser buscado em 2020. Avançamos na melhoria das instalações e serviços e na consolidação da alta qualidade da programação, como no Festival Vermelhos – Música e Artes Cênicas, na Residência Artística Maria João Pires e nos Concertos de Natal e Ano Novo –, assim como no objetivo de participar do desenvolvimento das comunidades da região. Ampliamos a interlocução com instituições culturais como a Fundação Osesp, o Instituto Odeon, a Santa Marcelina Cultura e a Associação Pró-Dança, além de cumprirmos a programação prevista para o ano com os apoios da Prefeitura de Ilhabela e de patrocinadores como a Klabin e a Rosset. Mas nada disso encobre as dificuldades da produção cultural no Brasil, que se tornaram mais evidentes ao longo de 2019. Ainda assim, uma sociedade com leis, com instituições em funcionamento razoável e povoada por pessoas conscientes de seus poderes e deveres não tem por que ter medo dessas incertezas e das ameaças que as acompanham. Ela pode preocupar-se com ocorrências como a extinção do Ministério da Cultura, com as indefinições da política cultural e, por maiores razões, envergonhar-se das posturas incabíveis de autoridades federais no campo da cultura, da educação, dos costumes, do estímulo à violência e da preservação ambiental, que diminuem o país. Essas posturas podem ter o efeito de jogá-la para mais de 40 anos atrás. Mas isso só ocorrerá se essa mesma sociedade, que então se rebelou contra a ditadura militar e a derrubou, deixar que isso aconteça por não cumprir os seus papéis.”
Samuel Mac Dowell de Figueiredo, diretor e fundador do Instituto Baía dos Vermelhos