Depoimento colhido na primeira quinzena de dezembro de 2019
“O crítico Harold Bloom costumava dizer que a “arte da arte” se dá entre as obras, a partir de leituras (e escutas) que fazemos delas. Isso serve de gancho para recordar o recital de Maria João Pires na Sala São Paulo, articulando sutilmente Beethoven e Chopin (Cultura Artística); o concerto do Monteverdi Choir e English Baroque Soloists dirigidos por John Eliot Gardiner (temporada Tucca); ou a estreia da missa de Arrigo Barnabé pelo Coro da Osesp (ao lado de obras de Hildegard von Bingen, Machaut e Pärt). Em 2019, a música dos séculos XX e XXI esteve em alta em São Paulo, tendo seu ponto máximo na apresentação de Dos cânions às estrelas, de Messiaen (Osesp regida por Heinz Holliger), e nas importantes estreias de Ó, de Felipe Lara (Osesp), Ritos de perpassagem, de Flo Menezes (Theatro São Pedro), e Prism, de Ellen Reid – esta última surgiu como alento na fraquíssima temporada do Theatro Municipal. O destaque das óperas esteve no Theatro São Pedro, que ainda apresentou belas montagens de O caso Makropulos e L’italiana in Algeri. Em 2019, criou-se, sob minha coordenação, o curso de pós-graduação em violão da Faculdade Santa Marcelina, e como parte das celebrações dos 80 anos de Leo Brouwer, o Quaternaglia Guitar Quartet lançou o CD Four, trazendo uma obra original dedicada ao quarteto. O ano marcou também a estreia de uma composição de Jorge Antunes e a versão remasterizada do primeiro CD do grupo, de 1995. O Quaternaglia começa 2020 com turnê pelos Estados Unidos, gravações em Los Angeles e concerto na temporada da New York City Classical Guitar Society.”
Sidney Molina, violonista e crítico do jornal Folha de S. Paulo; coordenador do curso de pós-graduação em violão da Faculdade Santa Marcelina; membro do quarteto de violões Quaternaglia