Trio Porto Alegre toca Nepomuceno e estreia obra de Ernst Mahle

O Trio Porto Alegre realiza, em concerto na sexta-feira, dia 9, a estreia mundial do Trio romântico do compositor Ernst Mahler, dedicado ao grupo. 

O programa conta ainda com o Trio de Alberto Nepomuceno e o Trio em lá menor de Maurice Ravel. 

A apresentação acontece na Sala Cecília Meireles, com a presença do público, e será também transmitida ao vivo pela internet. 

Em conversa realizada entre os artistas e o diretor da Sala, João Guilherme Ripper, na série Conversas na Sala (veja vídeo abaixo), os artistas comentaram o programa.

A começar pelo Trio de Nepomuceno, obra de 1916. É uma peça pouco apresentada – e Ripper colocou aos músicos uma pergunta sobre os possíveis motivos para isso: seria por ela não se encaixar no modelo do compositor nacionalista ou pela própria dificuldade técnica que carrega?

“Acho que há vários elementos. A dificuldade técnica, sim, mas dificuldades aparecem em muitas outras peças e sempre são intermináveis. Há aqui o tamanho do trio, 45 minutos, o que nem sempre permite que ela seja programado. Mas há também um certo preconceito, que vem da expectativa de que a música brasileira tinha que estar engajada. Foi necessário que isso acontecesse naquele momento, mas não podemos considerar os autores que procuraram caminhos diversos, nem na segunda Escola de Viena, nem no nacionalismo convicto, como se estivessem ainda ligados ao século XIX e por isso devessem ser desconsiderados”, respondeu Ney Fialkow.

Pilger, por sua vez, falou da obra de Mahle, contando ao público uma história que ouviu do compositor.  

“Ele disse que começou a sofrer de insônia. E percebeu que pensar em boas músicas na hora de dormir o ajudava a relaxar. Então, começou a sonhar com as obras nas quais estava pensando antes de dormir. Mas não só isso: começou também a compor sonhando, acordando com obras novas. O trio foi fruto de um desses sonhos. É uma obra fresca, genial, parece que está cheia de orvalho.”

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