A Academia Brasileira de Música apresentou na última semana a edição da ópera O contractador dos diamantes, de Francisco Mignone. O trabalho foi realizado pelo maestro Roberto Duarte e sua equipe. Especializado no repertório brasileiro, ele já foi responsável pela edição de obras-chave da música do país, como a ópera O guarani, de Carlos Gomes.
A ópera de Mignone foi estreada em 1924 no Theatro Municipal de São Paulo e voltou a ser encenada, com regência do compositor, no Rio de Janeiro, nos anos 1950. Desde então, porém, os manuscritos do segundo e do terceiro atos estão perdidos. Por conta disso, Duarte utilizou o material de orquestra e duas edições de reduções para piano e voz, uma dos anos 1920 e outra dos anos 1950.
Segundo Duarte, havia discrepâncias entre as edições, o que sugere a possibilidade do próprio Mignone ter feito revisões da obra na década de 1950. A nova edição da partitura anota ao intérprete essas possibilidades, recuperando passagens presentes na edição dos anos 1920 mas deixando claro que elas não estavam presentes na posterior.
“É um trabalho cuidadoso, que precisa ser feito com carinho. Todas as opções que fizemos são explicadas de maneira clara”, explica Duarte, que foi aluno e, mais tarde, assistente de Mignone. “É possível que, em alguma biblioteca, as partituras tenham se misturado com as de outro compositor e sido catalogadas e guardadas no lugar errado. E estão, assim, escondidas em algum canto. É possível que, um dia, por acaso, alguém as encontre. Até que isso aconteça, porém, a música já poderá ser ouvida pelo público.”
Segundo João Guilherme Ripper, presidente da Academia Brasileira de Música, o Festival Amazonas de Ópera pretende montar no próximo ano a obra, cujo libreto é inspirado em uma peça de Afonso Arinos sobre a mineração de diamantes no interior de Minas Gerais no século XVIII.
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