‘Aida’ estreia no Theatro Municipal de São Paulo e reflete sobre o absurdo da guerra 

por Redação CONCERTO 30/05/2022

Em março de 2020, toda a equipe que preparava a ópera Aida, de Verdi, foi chamada ao palco do Theatro Municipal de São Paulo. Por conta da chegada do coronavírus, os ensaios seriam interrompidos e a estreia, prevista para dali uma semana, adiada.

Pouco mais de dois anos depois, chegou enfim a hora de ver no palco a montagem da ópera de Verdi imaginada pela diretora Bia Lessa: a produção estreia no dia 3, com a Orquestra Sinfônica Municipal, o Coro Lírico e o Coral Paulistano, sob direção musical do maestro Roberto Minczuk.

Dois elencos vão se dividir em cena. Em um deles (dias 3, 5, 7 e 10), a soprano Priscila Olegário vive Aida; Ana Lucia Benedetti, Amneris; David Marcondes, Amonasro; e David Pomeroy, Radamés. No outro (dias 4, 8 e 11), os papeis serão cantados por Marly Montoni, Andréa de Souza, Douglas Hahn e Paulo Mandarino. Nos dois elencos cantam Savio Sperandio (Ramphis), Orlando Marcos (Rei), Caio Durán (Mensageiro); e Elayne Caser (Sacerdotisa).

Aida é uma ópera que traz todo um imaginário junto com ela, sendo sempre um imenso desafio para o diretor, pois todo mundo já tem uma imagem definida de Aida, então criar uma imagem nova é sempre um desafio. Para mim é muito importante estar à frente dessa ópera e respeitar todas as rubricas e regras que estão dentro da própria partitura, mas também descobrir onde está o limite para colocarmos a nossa opinião e explicar o motivo de estarmos montando aquilo”, afirma Bia Lessa.

Segundo a diretora, a direção busca explicitar a relação de poder entre os etíopes, escravizados, e os egípcios, compreendidos como colonizadores. “Aida é uma ópera que, no segundo ato, mostra guerrilheiros vitoriosos se vangloriando por terem massacrado o povo etíope retornando a seu povoado, o que traz uma visão no mínimo contraditória. O que significa vencer? Vencer é acabar com o outro? Destruir o diferente? Então, na minha opinião, uma vitória em guerra é uma vitória burra, já que não é a que precisamos nesse momento, e sim, criarmos uma humanidade nossa, onde os diferentes possam coexistir mesmo sempre de outras culturas e sociedades. E é isso que eu quero mostrar nas cenas de Aida, um ato de coletividade e compaixão fazendo um paralelo entre o Egito antigo e os dias atuais”, explica.

“A volta da Aida soa para nós como uma conquista, superamos diversos momentos ruins para poder voltar ao palco com todas as forças. É a primeira grandíssima produção de ópera do teatro desde a pandemia”, diz Roberto Minczuk. “Lembrando também que os ensaios da Aida foram as últimas atividades das quais a nossa colega, a maestrina Naomi Munakata, participou preparando o Coral Paulistano. Então fazer essa obra acontecer é, em parte, uma grande homenagem à memória dela”, afirma.

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David Pommeroy, Priscila Olegário e David Marcondes [Divulgação/Stig de Lavor]
David Pommeroy, Priscila Olegário e David Marcondes [Divulgação/Stig de Lavor]

 

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