Com direção musical de Evandro Matté e direção cênica de José Henrique Moreira, o título é a primeira participação do Projeto Sinos em ópera
O Theatro São Pedro de Porto Alegre apresenta, nos dias 17 e 18, a estreia mundial da ópera O engenheiro, de Tim Rescala. A obra é inspirada na vida de André Rebouças e se passa durante o último dia da monarquia brasileira, quando era proclamada a República.
“Escolhi como cenário para a ópera justamente esse dia do fim da monarquia, em que Rebouças desce de Petrópolis e convive com personagens como a princesa Isabel e o conde d’Eu, além de outros nobres”, afirma Rescala. “É um momento em que todos parecem atropelados pelos acontecimentos.”
A ópera marca a primeira inserção pelo gênero do Projeto Sinos (Sistema Nacional de Orquestras Sociais). Parceria da Funarte com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele tem como objetivo auxiliar na formação de músicos em todo o país. E uma das facetas da iniciativa é a encomenda de obras que, com diferentes níveis de dificuldade técnica, possam ser apresentadas por instituições que se dediquem à formação musical e à inclusão social. Depois da estreia, as partituras ficam disponíveis gratuitamente para esses projetos.
“Quando recebi a encomenda do Projeto Sinos para uma ópera, pensei em escrever uma sobre vídeo games. Mas a instrumentação que imaginei tornaria difícil que a ópera viajasse. Então procurei outro tema. Estava lendo Castelo de papel, de Mary del Priore, e aí surgiu a ideia de abordar esse personagem tão interessante, tão importante na luta pela abolição, mas contraditório, defensor fiel da monarquia, por exemplo”, diz Rescala.
A narrativa de O engenheiro traz, além de Rebouças, outros personagens, reais ou inventados. No primeiro time estão figuras como a princesa Isabel e o conde d’Eu. No segundo, dois escravizados de ganho, ou seja, obrigados por seus senhores a realizar algum tipo de trabalho nas ruas. “São eles que iniciam a narrativa, em frente ao Palácio Imperial, comentando os acontecimentos do dia e sendo perseguidos por um dos guardas da corte. A dinâmica entre eles chama a atenção de Rebouças, que percebe que o espaço de poder ocupado pelo guarda o faz não se dar conta de que todos ali compartilham uma origem”, explica o compositor.
Participam da montagem, que tem direção musical de Evandro Matté e direção cênica de José Henrique Moreira: David Marcondes (André Rebouças), Yasmini Vargas (Princesa Isabel), Flávio Leite (Gastão/Conde), Eduardo Alves (Francisco), Izabella Camila (Joaquina), Marta Vidal (Manoela), Anderson Vasconcelos (Guarda), Francis Padilha (Visconde) e Clarisse Diefenthäler (Baronesa).
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