CONCERTO | Ópera 'Três minutos de sol' abre programação do Festival Amazonas

Começa neste domingo, dia 6, a 23ª edição do Festival Amazonas de Ópera, o FAO. Planejada para acontecer em maio de 2020, ela acabou adiada por causa da pandemia e será agora realizada de forma inteiramente virtual.

Além de acontecer pela primeira vez nas plataformas digitais, o FAO traz outras inovações – com destaque para a encomenda a compositores brasileiros de obras líricas e de concerto, que farão suas estreias no evento. As transmissões acontecem pelo canal no Youtube do FAO, pelo Facebook e pelo YouTube da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (culturadoam).

Além das óperas, dos concertos e dos recitais, a programação inclui webinars, master classes, mesas-redondas em torno de temas do universo lírico e formação de profissionais para várias atividades da montagem de óperas.

“A pandemia afetou gravemente o setor cultural”, reforça o secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz. “Por isso, essa edição não terá convidados internacionais. É totalmente dedicada aos compositores, músicos, intérpretes e técnicos brasileiros, de forma a valorizar estes profissionais neste tempo de crise.”

As três óperas foram encomendadas já pensando numa nova abordagem visual. “Não quero quadradinhos”, disse o maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor artístico, referindo-se às transmissões com cada artista em sua casa, na telinha dividida.

A opção foi partir para um olhar cinematográfico. Os compositores e os libretistas – Leonardo Martinelli e João Luiz Sampaio (Três minutos de sol), Eduardo Frigatti (O corvo) e Piero Schlochauer com Beatriz Porto e Isabela Pretti (moto-contínuo) – já trabalharam com a ideia de uma realização híbrida, mesclando a ópera com o cinema.

A Amazonas Filarmônica gravou a base no Teatro Amazonas, em Manaus; os cantores colocaram voz em estúdio e filmaram suas participações em São Paulo. “Fogem totalmente à ópera do palco, é outro produto artístico”, reforça a produtora Flávia Furtado. Curiosamente – ou compreensivelmente – as três óperas, que serão exibidas nos dias 6, 13 e 20 de junho, sempre às 20 horas (horário de Brasília), abordam temas do momento pandêmico: luto, isolamento, ciência.

A primeira delas a ser apresentada será Três minutos de sol, no domingo. Antes, no sábado, Malheiro e a soprano Lina Mendes, que participou da produção, realizam live no Instagram do festival às 19 horas (@festivalamazonasdeopera) para falar sobre o processo de trabalho.

Também os concertos trazem obras de novos compositores. Entre os dias 11 e 19 de junho, às 20h, o FAO exibe concertos gravados com obras de Fernando Riederer, Laiana Oliveira, Tatiana Catanzaro, Vinicius Giusti, Paulina Luciuk e Willian Lentz.

Já os recitais, de 7 a 17 de junho, serão transmitidos ao vivo, com canções de Carlos Gomes, Ronaldo Miranda, João Guilherme Ripper, Chiquinha Gonzaga, Almeida Prado, Ernani Aguiar, Osvaldo Lacerda, Francisco Mignone e de canções de compositores da região Norte, ou com temas afins - Waldemar Henrique e Claudio Santoro são dois deles.

Em tempos de exceção e isolamento, o Festival Amazonas de Ópera emplaca uma edição diferente, gratuita, coerente com as restrições sanitárias e enfatizando o artista brasileiro. O custo está todo coberto pelos patrocínios, sem desembolso do estado.

“Nossos patrocinadores, o Bradesco e a Motorola, entenderam que a situação de exceção não significava paralisação, muito pelo contrário”, afirma Flávia Furtado. “Esperamos, olhando o lado bom de tudo isso, ou seja, a possibilidade de acesso muito amplo e gratuito, que o festival seja desfrutado por muita gente, em todos os lugares.”

Sávio Fàschet em cena da ópera 'Três minutos de sol' [Divulgação]

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