Apesar da importância de Carlos Gomes, celebrado como o mais importante compositor do romantismo brasileiro, há poucos registros profissionais de suas óperas – o que começa a mudar com a chegada ao mercado, em CD, DVD e blu-ray, de Lo schiavo.
A gravação, capitaneada no início deste ano pelo maestro John Neschling, realizada no Teatro Lírico de Cagliari em coprodução com o Festival Amazonas de Ópera, representa a estreia italiana da ópera.
Gomes começou a trabalhar no projeto para o Rio de Janeiro, imaginando Lo schiavo como símbolo do movimento que levaria à abolição da escravidão no país. No entanto, mudou de ideia e levou a partitura para a Itália, onde já havia conquistado grandes sucessos com obras como O guarani, Maria Tudor e Fosca.
Os planos, no entanto, deram errado. Divergências com o libretista italiano levaram a uma batalha judicial que impediu a obra de ser apresentada em território italiano. Foi o começo das desventuras de Lo schiavo: estreada finalmente no Rio, não agradou a plateia, que se incomodou com a troca de protagonistas (de olho no mercado italiano, Gomes havia transformado o escravo do título em um índio, o que frustrou os defensores do movimento abolicionista).
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A ópera, no entanto, segue como um dos pontos altos da inspiração do compositor, que nela mostra como incorporou os ensinamentos da tradição italiana e como a levou a novos patamares. Lo schiavo está repleta de árias e passagens importantes, como a célebre Alvorada.
A direção cênica é do italiano Davide Garattini e no elenco estão cantores como as sopranos Svetla Vassileva e Elisa Balbo; o tenor Massimiliano Pisapia e o barítono Andrea Borghini.
O CD, o DVD e o Blu-ray de ‘Lo schiavo’ estão disponíveis na Loja Clássicos; clique aqui para mais detalhes
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Reportagem ‘Lo schiavo’ chega à Itália pelas mãos de John Neschling, por Irineu Franco Perpetuo