Maestra Alba Bomfim será a nova regente titular da Orquestra Experimental de Repertório

por João Luiz Sampaio 11/06/2022

A maestra Alba Bomfim será a nova regente titular da Orquestra Experimental de Repertório, corpo artístico da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, em substituição ao maestro Jamil Maluf. Seu nome foi aprovado por unanimidade em reunião do conselho deliberativo da Fundação Theatro Municipal. 

A reunião aconteceu no dia 17 de maio. Segundo a ata publicada no Diário Oficial, a presidente do conselho, a secretária municipal de Cultura Aline Torres, “ressaltou a qualidade do trabalho feito pelo maestro Jamil Maluf, destacou as credenciais da maestra Alba Bomfim e ressaltou a oportunidade de renovação dos cargos de gestão.” 

Em seguida, foi realizada votação que aprovou sua nomeação a partir do dia 1º de julho. A maestra participou da reunião, “agradeceu a indicação à função e ressaltou sua felicidade em poder integrar a Fundação Theatro Municipal de São Paulo”.

Participaram da reunião, além de Aline Torres, Terra Johari Possa Terra (representante da administração direta), Carlos Eduardo Uchoa (representante dos setores artístico e cultural), Marcelo Jaffé (representante eleito pelos corpos artísticos do Theatro Municipal), Bruno Palazon Imparato (representante do Conselho de Orientação Artística da FTM) e Cassi Abranches (representante do Conselho de Orientação Artística).

Sua nomeação ainda precisa ser publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo.

A saída de Jamil Maluf vinha sendo cogitada desde abril. Na época, a Revista CONCERTO consultou a Secretaria Municipal de Cultura, que enviou à reportagem nota informando que não pretendia rescindir o contrato do maestro, que se encerra no dia 30 de junho, e que se reservava o “direito de indicar outro(a) profissional para exercer a regência da Orquestra Experimental de Repertório após esse período”.

Na mesma ocasião, a reportagem procurou a maestra Bomfim, cujo nome já circulava dentro do teatro. Ela negou, naquele momento, ter informações a esse respeito. 

Alba Bomfim é licenciada em música pela Universidade de Brasília (1995), bacharel em regência pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), mestre em música pela Universidade de Brasília (2009) e doutora em regência pela Universidade de Aveiro, em Portugal (2020).

Em sua formação, foi orientada por maestros como Marin Alsop, Kurt Masur, Harold Farberman, Fabio Mechetti e Ernani Aguiar, entre outros. Em 2017, Alba foi uma das participantes do concorrido programa internacional de residência artística para maestras The Hart Institute na Ópera de Dallas, nos Estados Unidos. 

Bomfim já trabalhou com orquestras no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, dentre as quais a BBC Concert Orchestra e a Chamber Orchestra of New York. Atualmente ela é professora de regência e práticas interpretativas da Universidade Federal do Piauí, onde também é curadora da Orquestra Filarmônica Virtual do Meio-Norte. 

Bomfim fez sua estreia em São Paulo em novembro do ano passado, quando dirigiu a Osusp no Auditório Camargo Guarnieri. Ela tem sido voz ativa na defesa de um meio musical mais diverso, atuando tanto por maior espaço para artistas negros como por uma educação musical mais inclusiva. E reflete em seu trabalho a respeito da formação dos jovens músicos, que deve carregar um aspecto humanista além do técnico.

“Projetos sociais espalhados pelo Brasil fizeram e fazem um trabalho fundamental na formação de músicos. Mas e depois? Nós precisamos começar a pensar a meio e longo prazo. Precisamos oferecer ferramentas a esses artistas, para que consigam colocação profissional e, ao mesmo tempo, trabalhar para criar essas oportunidades. Formar um artista é ir além do reconhecimento de um talento. Um músico é um profissional da arte e ele é, nesse sentido, um formador de opinião também, alguém que compartilha com seu público a importância da atividade artística”, ela disse em entrevista publicada na Revista CONCERTO em dezembro de 2020.

Jamil Maluf criou a Orquestra Experimental de Repertório em 1990. Desde então – fora o período da gestão de John Neschling entre os anos de 2014 e 2017 – dirigiu o grupo, que foi responsável por diversas inovações em programação, pela estreia de obras de compositores brasileiros. 

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Maestra Alba Bomfim (divulgação)
A maestra Alba Bomfim, que assume a OER a partir do dia 1º de julho [Divulgação]

 

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Comentários

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Caro Editor João Luiz Sampaio, desculpe-me frisar a forma de tratamento usual no Brasil como Maestrina,mas vc está corretíssimo,a forma certa é Maestra...

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Acho que para a regente, ou será regenta, vai ser muito útil ao seu currículo, já para a orquestra, tenho minhas dúvidas e não sei se vou pagar para ver.
Lamento pela enorme quantidade de regentes, com larga bagagem profissional, que quer tiveram seus currículos considerados.
A Secretaria Municipal de cultura já mostrou a que veio e segue em sua linha de virar a cultura. A Virada Cultural foi um bom exemplo do que entendem por cultura e acho que estão levando muito ao pé da letra, o sentido da palavra "virar".
De fato, estão virando a cultura no âmbito do município, de pernas para o ar e certamente é o que farão com a competente OER.

Prezado Sr. Nilton, não sei se o senhor leu, mas a maestra Alba Bonfim tem um belo currículo, inclusive com experiência no exterior. A sua indicação para a direção da OER está sendo muito bem recebida nos meios musicais. E além disso, é muito bom ter uma mulher na direção da orquestra! Obrigada!

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Sou Washington Gomes, - antes de Economista da Secretaria Especial de Cultura desde a gestão de Gilberto Gil, que merecidamente está retornando como Órgão do Poder Executivo, Ministério da Cultura - sou músico saxofonista, compositor, legado da minha saudosa mãe, Valdineia Silva, exímia cantora contralto de coral, família de musicistas. Acessei a página "CONCERTO", porque aqui em Brasília, estamos no período do CIVEBRA e, na grade dos cursos, está a Maestra Alba Bomfim, como ministrante do curso de Regência de Orquestra e, o link da apresentação aponta para a página. Como profissional, tanto como gestor e principalmente músico, fico admirado com tamanha ignorância funcional e cultural, pior ainda, se músico, longe da qualidade do conhecimento que adquirimos nos longos estudos dessa arte sublime. Alguém que por razões política ou pessoal - "quero o cargo" ou mesmo, "meu amigo, parente é melhor"- desconsidera a indicação da Maestra, que pelo conhecido no meio, é conceituada e competente para o cargo. Fato, por ser mulher, negra, Sr Nilton?! Conheceu o currículo da Maestra Alba? lamentável!! parabéns pelo CONCERTO, não conhecia esse trabalho, com certeza será considerado no Governo Federal!

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