Sinfônica de Santo André, música e cultura

por Publieditorial 17/02/2021

Realizações da Orquestra Sinfônica de Santo André se destacam no ano da pandemia; cidade restaura Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes  

A Orquestra Sinfônica de Santo André preparava-se para abrir sua temporada em março de 2020 quando a pandemia do coronavírus Covid-19 levou ao fechamento dos teatros e espaços públicos e à necessidade de isolamento social.

De uma hora para outra, a rotina das pessoas mudou completamente. E também a atividade artística. Como manter-se atuante, fora do palco e com os músicos e o público em casa? Foi essa a pergunta que a orquestra se fez. E as respostas encontradas fizeram do grupo protagonista na cena musical brasileira.

A reação da orquestra e de seus músicos foi rápida. Ainda em março, o grupo iniciou uma série de projetos remotos. Na série #OSSAnoSofá, o maestro Abel Rocha, diretor artístico da sinfônica, falava de obras, compositores e outros temas ligados ao universo da música orquestral. A #DicadaOSSA trazia sugestões dos músicos sobre repertório, além de curiosidades e informações sobre os instrumentos musicais. Na série #CineOSSA, convidados muito especiais sugeriam e comentavam filmes de temática ligada à música. Finalmente, o #OssaAosDomingos trouxe um conjunto diversificado de produções musicais gravadas pelos próprios músicos da orquestra e convidados diretamente de suas casas.

Em meio ao que a sociedade passava, tínhamos a convicção de que a música precisava seguir existindo e ajudando as pessoas

“Nós nos perguntamos sobre como manter a atividade musical viva de alguma maneira. Em meio ao que a sociedade passava, tínhamos a convicção de que a música precisava seguir existindo e ajudando as pessoas”, explica Abel Rocha. 

E foi a partir dessa ideia que, em maio, surgiu o novo projeto da sinfônica, as Microestreias da Quarentena, com a encomenda de novas obras a oito compositores brasileiros: Alexandre Guerra, Alexandre Lunsqui, Chico Mello, João Cristal, Leonardo Martinelli, Mauricio De Bonis, Neymar Dias e João Guilherme Ripper.

O projeto mobilizou uma equipe formada por quarenta músicos da orquestra, que gravaram suas partes em casa, além de toda a equipe técnica, a quem coube o cuidadoso trabalho na edição e sincronização dos vídeos, publicados gratuitamente em redes sociais. E transformou-se em um marco, pelo formato inovador, pela atenção à música contemporânea e pelo resultado artístico atingido na interpretação.

“É um trabalho ao mesmo tempo minucioso e monumental. Não exagero em dizer que é um divisor de águas, uma lição de como a música nova deve – e pode – ser dignamente produzida e interpretada. Bingo. Acesso universal, gratuito, a qualquer tempo”, escreveu o crítico João Marcos Coelho no jornal O Estado de S. Paulo [leia a matéria na integra aqui]. “As peças inovam pelo formato e dão ao projeto uma identidade artística que aceita e ultrapassa as limitações impostas pela pandemia”, afirmou Sidney Molina na Folha de S. Paulo.

No final de agosto, a sinfônica, corpo artístico da Prefeitura Municipal de Santo André, com mais de três décadas de atuação, inovou mais uma vez com a criação da Trilogia Trancafiada, uma série de três curtas-metragens assinados por Luísa Almeida e realizados com a participação dos músicos da orquestra. O conceito era fascinante: expressar os sentimentos vividos pelos artistas desde o início do isolamento, estabelecendo entre eles e o público uma relação viva e humana. 

Teaser de divulgação. Assista a Trologia Trancafiada na íntegra clicando aqui.

O primeiro capítulo foi batizado de Ansiedade e retratava o choque inicial perante à pandemia; o segundo, Adaptação, mostrava a resiliência dos músicos perante às novas condições de vida impostas pelo isolamento social; e Acolhimento, que fechava a trilogia, falava da transformação da incerteza em esperança. 

Em outras palavras, a orquestra mostrava às pessoas a mensagem importante de que acolher a dor podia também gerar uma abertura para enxergar o mundo com novas cores. E, na imprensa e no público, a reação foi marcante: o jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, referiu-se à Trilogia Trancafiada como “revolucionária”. 

Em 2020, completaram-se 150 anos da estreia da ópera O Guarani, de Carlos Gomes. E a Sinfônica de Santo André celebrou a data com a criação de uma micro-ópera inspirada na obra [clique aqui para assistir]. O vídeo, de pouco mais de sete minutos, apresentava a história baseada no romance de José de Alencar, com trechos de árias e duetos famosos, interpretados pela soprano Rosana Lamosa, o tenor Paulo Mandarino, o barítono Leonardo Neiva e o baixo Saulo Javan. Para quem já conhecia O Guarani, o vídeo de Luísa Almeida revelava-se uma leitura original para a peça, da mesma forma atiçava a imaginação e despertava a curiosidade daqueles que tinham com a obra o primeiro contato.

Com a micro-ópera O Guarani, Abel Rocha e a Sinfônica de Santo André talvez tenham feito mais pelo gênero operístico do que a soma dos teatros líricos das grandes cidades brasileiras em 2020

“Com a micro-ópera O Guarani, Abel Rocha e a Sinfônica de Santo André talvez tenham feito, com poucos recursos e em menos de oito minutos, mais pelo gênero operístico do que a soma dos teatros líricos das grandes cidades brasileiras em 2020”, escreveu Sidney Molina em seu balanço do ano para o jornal Folha de S. Paulo [confira a matéria na integra aqui]. 

A reunião das atividades da Orquestra Sinfônica de Santo André mostrou o valor de um trabalho conjunto, que envolve direção, gestão e músicos na busca pela inovação em tempos difíceis – quando ela é ainda mais necessária. E acabou por ser reconhecida com o Grande Prêmio CONCERTO Reinvenção na Pandemia, oferecido pela Revista CONCERTO, principal publicação latino-americana dedicada ao universo da música clássica e da ópera [confira aqui].

“Todos os projetos mostraram a capacidade da orquestra de Santo André reagir ao momento atual, abordando artisticamente o período de pandemia e seus desafios e reforçando a arte como ferramenta para pensar o presente e apontar caminhos para o futuro”, afirmou o júri, formado pelos principais críticos em atividade no Brasil. 

Para 2021, à espera da possibilidade de reencontro com seu público, o grupo reafirma seu compromisso com a criação, já tendo encomendado novas obras a doze compositores brasileiros

E é com esse mesmo espírito que a orquestra se prepara para a temporada de 2021. À espera da possibilidade de reencontro com seu público, o grupo reafirma seu compromisso com a criação, já tendo encomendado novas obras a doze compositores brasileiros: André Abujamra, Beetholven Cunha, Cibele Donza, Dino Barioni, Élodie Bouny, Felipe Senna, João Cristal, João Guilherme Ripper, Léa Freire, Leonardo Martinelli, Michelle Agnes e Alexandre Daloia.

Em março, haverá o lançamento do documentário “Concerto Sensorial”, que registrou a realização de um espetáculo especialmente para surdos, na cidade. Como apresentar a experiência da música ao vivo para quem não pode ouvir?

Após o sucesso de O Guarani - Micro Ópera, a sinfônica de Santo André planeja para o ano de 2021 a realização de mais duas óperas de Carlos Gomes nesse mesmo formato  – Fosca e Lo Schiavo – para as festividades de reinauguração do Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes.

São ações que relembram a importância da arte como fundamental para a vida em sociedade. Ela nos ajuda a compreender os desafios que se colocam à nossa frente e nos dão força para superá-los.

Restauro do Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, em Santo André

Para o ano de 2020, Santo André também planejava a reinauguração do Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, localizado na região central da cidade. No entanto, com a chegada da pandemia, o cronograma de reforma e restauro foi afetado, mas as obras prosseguem em ritmo acelerado.

O local está fechado desde 2008. É tombado como patrimônio cultural andreense e será um espaço multiuso, podendo receber diversos tipos e formatos de eventos, como concertos, exibição de filmes, exposições e espetáculos, visando à circulação de público.

Nesta fase do restauro está sendo realizado um minucioso trabalho de recuperação das paredes internas do espaço, que possuem pinturas decorativas históricas, além de portas e projetores originais.

Obras no Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes [divulgação]
Obras no Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes [divulgação]

Após a finalização das intervenções, fará parte um importante eixo cultural integrado ao novo calçadão que está em construção na rua Senador Flaquer e que se juntará ao tradicional calçadão da rua Coronel Oliveira Lima e a equipamentos culturais históricos, como a Casa do Olhar e a Casa da Palavra.

História – O Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, considerado o primeiro espaço cultural da região, foi inaugurado em 1912 pelo italiano Vicenzo Arnaldi na rua Coronel Oliveira Lima, esquina com a atual Salvador Degni. Em 1925, foi reinaugurado pela empresa Arnaldi, Masini & Gianotti na localização atual, onde foi construído um novo edifício com detalhes arquitetônicos neoclassicistas e instalado um medalhão retratando o perfil do músico Carlos Gomes.

Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes
Antiga fachada do Cine Theatro Carlos Gomes. Década de 1930. Coleção Valter Rodrigues da Silva. Acervo Museus de Santo André Dr. Octavianno Armando Gaiarsa [reprodução]

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[Este texto é um publieditorial produzido pela Orquestra Sinfônica de Santo André.]

 

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