CD Santoro da Filarmônica de Goiás recebe crítica positiva na revista ‘Gramophone’

por Redação CONCERTO 09/01/2023

A revista inglesa Gramophone, referência internacional para críticas do universo fonográfico clássico, publicou uma resenha positiva da gravação realizada pela Filarmônica de Goiás sob direção de Neil Thomson das Sinfonias nº 11 e nº 12 de Cláudio Santoro. O autor, Ivan Moody, elogia a escrita de Santoro, “que sempre agarra o ouvinte”, e finaliza escrevendo que “estas obras impressionantes e raramente ouvidas são todas tocadas com absoluta convicção e brio pela Filarmônica de Goiás sob direção de Neil Thomson, e as gravações são cristalinas”.

O CD Santoro faz parte da coleção A música do Brasil, projeto do Itamaraty e do selo Naxos em conjunto com orquestras brasileiras e a Academia Brasileira de Música para a gravação do repertório sinfônico brasileiro, e acaba de ser lançado internacionalmente. A coleção prevê a gravação da integral das sinfonias de Cláudio Santoro pela Filarmônica de Goiás dirigida por Neil Thomson. O CD anterior realizado pela orquestra, com as Sinfonias nº 5 e nº 7 de Santoro, venceu o Prêmio CONCERTO 2022 no voto do público e da crítica.

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Leia abaixo a crítica publicada pela Gramophone (clique aqui para ler o texto original).

SANTORO Sinfonias nºs 11 & 12; Concerto Grosso
Autor: Ivan Moody

A música de Cláudio Santoro parece que sempre agarra o ouvinte. Seu instinto de gesto era tão forte que, qualquer que fosse a fase estilística em que estivesse (e ele passou por várias), ele sempre conseguia chamar a atenção da maneira mais dramática possível. O Concerto grosso, datado de 1980, após o retorno do compositor da Alemanha ao Brasil, é uma das várias obras extremamente impressionantes de sua última década. Após uma esperada cativante abertura, fornece uma mistura atraente e intrigante de escrita convencional e flashes dos períodos aleatórios carregados de clusters do passado. É difícil pensar em comparações – Petrassi? Lopes-Graça? – mas isso também não tem importância.

A Sinfonia nº 11 é de quatro anos mais tarde e é uma obra muito mais sombria. Também em três movimentos, ela habita um mundo de escuridão e anseio, novamente caracterizado por aqueles gestos dramáticos que puxam o ouvinte para dentro, e o faz apesar das marcações rápidas de andamento para todos os três movimentos. As conotações militaristas do movimento intermediário podem, de fato, sugerir uma certa ironia negra shostakovitshniana. Há elementos disso no final, também, mas eu certamente não gostaria de dar a impressão de que Santoro é incapaz de lirismo. Três fragmentos sobre BACH datam de 1985 e foram escritos para uma orquestra jovem alemã. Podem ser fragmentos, mas, como a Sinfonia, estão cheios de presságios sombrios. Neles, Santoro recorre a todas as técnicas de composição de seu vasto arsenal para extrair algo misterioso e inesperado do nome do compositor alemão.

A Sinfonia nº 12 data de dois anos depois e reutiliza material concertante de outras obras de Santoro – na verdade, seu subtítulo é “Sinfonia concertante para oito instrumentos e orquestra”. Esse fato confere à sinfonia um caráter bem diferente de sua antecessora. O fio concertante está muito claramente preservado e há um fascínio marcante pela cor instrumental. O movimento intermediário, com trompete solo, mais uma vez evoca um estilo marcial, e o final dramático reúne todas as tramas sobre um amplo painel. Estas obras impressionantes e raramente ouvidas são todas tocadas com absoluta convicção e brio pela Filarmónica de Goiás sob direção de Neil Thomson, e as gravações são cristalinas.

CD Santoro, Filarmônica de Goiás, direção de Neil Thomson (foto dvulgação)
CD Santoro, Filarmônica de Goiás, direção de Neil Thomson (foto dvulgação)

 

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