Roberto Minczuk, maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal
“Iniciamos 2020 no Theatro Municipal de São Paulo dias 6 e 7 de março com a grandiosa Sinfonia nº 3 de Mahler. Foi um concerto memorável por muitos motivos, principalmente porque foi o último que pude realizar com a minha amiga Naomi Munakata, regente do Coral Paulistano. Ao final do concerto ela subiu ao palco comigo para receber os agradecimentos e depois me disse: “Roberto, esse talvez tenha sido o concerto mais lindo da minha vida”. Naomi foi uma das primeiras vítimas da Covid no meio artístico do Brasil. Minha amiga de infância, com quem toquei junto na Orquestra Jovem, frequentei festivais de música, estudei na Escola Municipal de Música. Trabalhamos durante oito anos na Osesp e pudemos trabalhar juntos novamente nesses últimos quatro anos, fazendo coisas maravilhosas. Fica minha homenagem a essa grande amiga e essa incrível artista que foi Naomi Munakata.
Nos Estados Unidos, onde rejo a orquestra Filarmônica de New Mexico, fizemos a última apresentação em fevereiro, incluindo o Concerto para violoncelo de Elgar com o primeiro lugar do concurso Tchaikovsky, Andrei Ionuț Ioniță, e a Sétima de Mahler. Lá as atividades continuam suspensas, previstas para recomeçar em fevereiro ou março. No Theatro Municipal fizemos muitas gravações on-line, ensaios virtuais e atividades didáticas enquanto estávamos reclusos. Foram mais de 250 vídeos gravados remotamente, incluindo seis com toda a orquestra. Foi um esforço hercúleo dos músicos, que mesmo confinados seguiram fazendo um trabalho de altíssima qualidade.
O Municipal retomou os concertos no final de outubro, e seguimos com gravações. Celebramos Beethoven com os concertos, as sinfonias e a ópera Fidelio. Encerramos o ano com os coros do Messias de Händel. Além disso, foram muito importantes todas as gravações que fizemos nesses últimos anos com a OSM e que pudemos colocar no ar em 2020, com destaque para as nove sinfonias de Beethoven, que gravamos ano passado com excelente qualidade, em cinco concertos. Fomos a primeira orquestra a colocar as gravações das nove sinfonias no ar, já em março.
Tive a oportunidade de reger a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto na celebração dos 90 anos do Theatro Pedro II em Ribeirão Preto, que é o terceiro maior teatro de ópera do país. Em setembro, fizemos uma gala de ópera com Fernando Portari, Lina Mendes, Carla Ricci e Wladimir Carvalho. E, no dia 31 de outubro, fizemos a primeira Nona sinfonia das Américas desde o início da pandemia, com a orquestra no palco e o coro na plateia, cantando de máscara (o concerto está disponível no Youtube). Também tive a oportunidade de participar de vários concertos transmitidos pela Bachiana Filarmônica Sesi-SP a convite do maestro João Carlos Martins. São os mais vistos de qualquer orquestra brasileira, é impressionante o que a Bachiana tem alcançado em termos de público.
É uma alegria muito grande poder estar de volta ao palco, apesar da redução de músicos, apesar do distanciamento. A temporada 2021 do Municipal está fechada até o início de abril (que é a data do contrato vigente da Santa Marcelina Cultura), e esperamos que logo possamos apresentar uma temporada completa para 2021.”
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